Nem sempre as combinações entre verbos e palavras de outras classes estão disponíveis na língua. Tal pode acontecer por variadíssimas razões.
No caso da expressão «fazer feliz», o verbo fazer é usado com um sentido causativo e forma com feliz uma oração pequena na qual se podia introduzir um verbo copulativo, como se observa em (1a):
(1) «Ele fez a Joana feliz.»
(1a) «Ele fez a Joana ficar / ser / tornar-se feliz.»
Esta construção não está disponível com o adjetivo grávida, o que poderá eventualmente estar relacionado com razões aspetuais de complexidade maior que não teremos oportunidade de aprofundar neste espaço. No entanto, note-se, neste âmbito, que, por exemplo, «fazer feliz» descreve um estado faseável1. Daí serem possíveis as seguintes frases:
(1) «Ele começou a fazê-la feliz.»
(2) «Ele continuou a fazê-la feliz.»
(3) «Ele acabou de a fazer feliz.»
Já a combinação «*fazer grávida» não é faseável, como se vê pela impossibilidade das frases seguintes:
(4) «*Ele começou a fazê-la grávida.»
(5) «*Ele está a fazê-la grávida.»
(6) «*Ele acabou de a fazer grávida.»
Refira-se ainda que em contexto de ensino-aprendizagem será pertinente explicar que embora a construção «fazer grávida» não esteja disponível, outras são possíveis, como engravidar.
Disponha sempre!
*assinala a inaceitabilidade da frase.
1. Cf. Raposo, J. et al. (2013). Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 608-613.