A combinação das reticências com o ponto de exclamação está prevista nas gramáticas, mas não pela ordem apresentada.
As reticências são usadas para assinalar uma suspensão na frase. Neste âmbito é possível a sua combinação, por um lado, com a vírgula ou ponto e vírgula, mantendo as reticências um valor melódico, indicando, por exemplo, uma pausa expressiva (muito comum no discurso dramático). A vírgula (ou ponto e vírgula) coloca-se depois das reticências, permitindo a continuação da frase:
(1) «Passai, ó vagas…, mas passai de manso!» (Castro Alves, Obra completa1)
Por outro lado, as reticências podem combinar-se com sinais melódicos (ponto de interrogação e ponto de exclamação, ou até os dois sinais em conjunto). Como explicam Cunha e Cintra, «[n]este caso, as reticências prolongam a duração de certas inflexões interrogativa e exclamativa e acrescentam-lhes certos matizes particulares»2. Neste caso, as reticências colocam-se depois do ponto de interrogação ou ponto de exclamação. Veja-se o exemplo:
(2) «Margarida – (a gritar) Jesus! Virgem Mãe!...
Custódia – Que foi?... Que foi isto?!...»3 (Bernardo Santareno, O crime da aldeia velha)
Assim sendo, na frase apresentada a ordem dos sinais de pontuação deveria ser invertida:
(3) «A determinada parte do texto, verifica-se uma dor plangente, e a necessidade de uma fuga que se crê premente, porquanto, só os braços da sua mãe, lhe dão o conforto que o mundo roubou sem porquê!…»
Disponha sempre!
1. Exemplo recolhido em Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. Sá da Costa, p. 657.
2. Id., ibid.
p. Exemplo recolhido em Figueiredo e Figueiredo, Prontuário Actual da Língua Portuguesa. Ed. Asa, p. 275