Elaborar um título é uma arte, de que os senhores jornalistas e editores são os artistas por excelência. O que escrevo a seguir é meramente um parecer de estudioso da língua.
O título deve ser apelativo e sintético. Por isso, não está tão sujeito às imposições gramaticais aplicáveis ao texto escorreito. São admissíveis omissões (frequ[ü]entemente do verbo), que ficam implícitas, ou incompletudes que induzam expe(c)tativa (tudo o que intencionalmente induza em erro é eticamente incorre(c)to...).
Tradicionalmente, não se finalizam os títulos com ponto final. A ausência do ponto pode significar que o título a encimar um texto é uma síntese do que se segue. Isto é, sem ponto, tudo se passa como se no fim do título estivesse, omisso, o sinal `dois pontos´ (sinal ortográfico que também é possível e aceitável ver-se).
Mas são admissíveis outros sinais de pontuação no fim do título (interrogação, exclamação, reticências). E são admissíveis sinais de pontuação no interior do título, sem que isso obrigue a finalizá-lo com um sinal, nomeadamente o ponto.
Penso que é vantajosa a faculdade de não pôr ponto final nos títulos. No entanto, não me considero taxativamente proibido de usar esse ponto, contrariando o hábito.
Numa obra que possuo, sobre a reforma ortográfica, de 1911, dita de Gonçalves Viana, há vários títulos finalizados com ponto final (e também com dois pontos). A obra já clássica do Prof. Rebelo Gonçalves «Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa», com os títulos na generalidade sem ponto, apresenta (na edição em meu poder, certamente revista pelo autor) alguns títulos com ponto final. A obra muito respeitada de Celso Cunha e Lindley Cintra «Nova Gramática do Português Contemporâneo» tem, na edição que possuo, os títulos em maiúsculas sem ponto final, mas os subtítulos, escritos em minúsculas, na generalidade com ponto; exemplo:
Linguagem, língua, discurso, estilo.
De qualquer forma, por uma questão de coerência, penso que, por exemplo, o título deve ter o último ponto, se, escrito em minúsculas, compreender vários temas separados por pontos, exemplo:
Morfologia. Sintaxe. Fonologia.
Mas se o mesmo título for escrito em maiúsculas, pode-se assinalar a separação com um ponto a meia altura:
MORFOLOGIA • SINTAXE • FONOLOGIA
Quanto ao título indicado pelo consulente, aceita se que, segundo o hábito geral, poderia escrever sem ponto final:
Segredo, ritmo e metamorfose
Outros exemplos de títulos:
A vírgula é só um sinal de separação? → Título introduzindo uma interrogação, para, por exemplo, sublinhar um parecer contrário no discurso.
AJUDEM Ciberdúvidas! → sinal de exclamação frisando um grito de alerta (infelizmente bem real...), com ênfase no termo `ajudem´, todo em maiúsculas.
Ao seu dispor,