A Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Sá da Costa, 2002, pp. 652-654), de Celso Cunha e Lindley Cintra, trata das situações em que se verificam mais do que um sinal de pontuação, que são:
— quando surgem o ponto de interrogação e as reticências, o que marca uma situação em que «a pergunta envolve dúvida», como nos seguintes exemplos:
«— Então?... que foi isso?... a comadre?...» (Artur Azevedo, CFM, 86)
— quando ocorrem combinados o ponto de interrogação e o ponto de exclamação, para evidenciar as «perguntas que denotam surpresa, ou aquelas que não têm endereço nem resposta», como se pode verificar nas frases seguintes:
«— Quem é que não conhece Coimbra?!!! (Branquinho da Fonseca, B, 18)
— quando a entoação é predominantemente interrogativa, o ponto de interrogação antecede o ponto de exclamação; quando é mais sensível o tom exclamativo, o de exclamação precede o de interrogação, como no excerto:
— quando a combinação do ponto de interrogação e de exclamação vem seguida ou antecedida de reticências, o que lhe acrescenta uma nota de incerteza:
«— Coitada!... quem diria… quem imaginaria que acabaria assim!?...» (António Assis Júnior, SM, 52)
— quando se repete o ponto de exclamação, «para marcar um reforço especial na duração, na intensidade e na altura da voz»:
«Ah! Pérfido! Se os teus não lhe respondessem mais, para sempre!!!!!!! Meus beijos emurchecerão! Triste! Triste da abandonada!... (Mário de Andrade, OI, 162)
Tratando-se de sinais de melodia ou de entoação, que procuram reproduzir o tom e a intenção do enunciado, a combinação de dois ou de mais sinais deixa transparecer bem o volume da voz e o sentir do sujeito que enuncia.
Relativamente ao número de repetições do ponto de exclamação, apesar de aparecer com mais frequência repetido três vezes, a realidade é que isso não é norma, como se pode verificar pelo último exemplo citado. Tudo depende da duração, da intensidade ou da altura da voz. Quanto mais alta, mais intensa e mais longa, maior será o número de exclamações.