A noção de concreto e abstrato está em vários âmbitos mais próxima da filosofia da linguagem do que propriamente da gramática, porque envolve conceitos que vão além dos critérios estritamente gramaticais1.
Não obstante, segundo Cunha e Cintra, os substantivos concretos «[...] designam os seres propriamente ditos, isto é, os nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de um género, de uma espécie ou de um dos seus representantes», enquanto os substantivos abstratos «[...] designam noções, acções, estados e qualidades, considerados como seres»2. Refira-se ainda que a classificação dos substantivos quanto à sua subclasse deve acontecer preferencialmente associada à utilização das palavas numa frase, porque o contexto pode gerar situações que exijam a consideração de novas análises.
De forma generalista, o substantivo escravidão parece convocar sempre um conceito associado a um determinado estado, pelo que diria que estamos perante um substantivo abstrato, quer este refira um estado geral e teórico quer designe uma situação concreta. Em qualquer das situações a situação descrita é não palpável, não tendo materialidade, pois descreve um estado, uma conceptualização e não uma realidade física.
Ainda assim, é de acrescentar que um substantivo abstrato pode ser usado como concreto, como se explica nesta resposta.
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1. Veja-se a opinião de Napoleão Mendes de Almeida citada nesta resposta.
2. Cf. Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. Sá da Costa, p 177.