DÚVIDAS

Ditongos crescentes e acentuação gráfica

Estou a ter alguns problemas para distinguir ditongos crescentes.

Poder-me-ão dizer se é uma situação normal, dado que são muito instáveis e que há quem os considere falsos ditongos. (Já vi quem defenda serem falsos ditongos, outros, porém, chamam-lhes falsas esdrúxulas. Não sei qual seria a designação apropriada.).

O problema é, no momento em que tenho de acentuar graficamente as palavras que os incluem, não sei porque tenho de aplicar a regra.

Como posso justificar a acentuação gráfica em palavras como: contrário, mágoa, tábua, nódoa, ténue, árduo, vácuo, polícia, côdea, cárie, aéreo? Ou a sua ausência em: lavandaria ou geometria?

Agradeço desde já a atenção e parabenizo o sítio do Ciberdúvidas e o vosso labor extraordinário. Bem hajam!

Resposta

Havia quem considerasse que em português só havia ditongos decrescentes, mas há muito que os filólogos e os linguistas assinalavam que havia ditongos crescentes na pronúncia despreocupada e mais rápida.

Os casos de contrário, mágoa, tábua, nódoa, ténue, árduo, vácuo, polícia, côdea, cárie, aéreo podem, portanto, ser vistos de duas maneiras:

A. São acentuadas na antepenúltima sílaba – são esdrúxulas –, porque as sequências vocálicas finais pertencem a duas sílabas átonas diferentes: má.go.a, po.lí.ci.a.

B. São falsas esdrúxulas, porque as sequências vocálicas finais formam um ditongo crescente: má.goa [mágwa]; po.lí.cia [pulisja]. Contudo, têm acento gráfico, como as palavras que terminam em ditongo átono: se se escreve órgão e hóquei, então também escreve mágoa e polícia.

Note que lavandaria e geometria não têm ditongo crescente final, mas, sim, hiato, isto é, ocorre uma sílaba tónica seguida de sílaba átona que se resume a uma vogal: la.van.da.ri.a e ge.o.me.tri.a1.

Agradecemos as palavras de apreço.

 

1 Ou geo.me.tri.a, dado que o hiato existente na sequência eo de geometria também pode ser resolvido como ditongo crescente – [jo].

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