Começo por lhe agradecer as suas gentis palavras. É o amor à nossa língua que nos une a todos e nos entusiasma no seu estudo.
Quanto à sua dúvida sobre as obras que consultou, sublinho:
A Nova Gramática do Português Contemporâneo regista nessa tal alínea 12.ª: «Recebem acento agudo os seguintes vocábulos que estão em homografia com outros:» Ora repare que esta gramática não diz, nem deixa a ideia de que a regra se possa aplicar a *`todos os homógrafos´. E, se reparar melhor, alguns dos termos indicados são justamente os das exclusões que estudámos. Acentuar pólo ou amámos (em Portugal) contraria a regra de que as paroxítonas (NT graves) não são normalmente acentuadas quando terminam em a, e, o, seguidas ou não de s; por isso os acentos nestas palavras são exceções. Por outro lado, no conjunto dessas alíneas da citada gramática, não encontrei a regra sobre a não acentuação das homógrafas heterofónicas (ex.: molho ¦ô¦ [calda] e molho ¦ó¦ [feixe]; mas esta regra é objecto da Base XXII das nossas normas, como já referi.
Quanto à outra obra que cita, e como sou autor também dum prontuário, não me parece eticamente correcto fazer apreciações pessoais. Deixo-lhe a si a análise do texto que menciona, à luz do que acima escrevi.
Concluo lembrando que não se pode de ânimo leve referir normas na nossa língua. É preciso meditar sempre bem na sua aplicação ao caso concreto; não só porque frequentemente as exclusões desaconselham que se deixe a ideia de generalidade, mas também porque a versatilidade da língua recomenda prudência em afirmações taxativas. Costumo citar o seguinte exemplo quanto a este cuidado: Devemos escrever `pão mole´ (NA) e não `mole pão´, porque a ordem canónica em português é nome, adjectivo; porém é a mesma coisa sempre? `um marido novo´ é a mesma coisa que `um novo marido´ (AN)?
Ao seu dispor,