Numa perspetiva mais normativa, a frase apresentada tem uma aceitabilidade duvidosa. Tal acontece porque as orações com «ao + infinitivo» apresentam algumas restrições quanto ao seu sujeito, que normalmente não aparece expresso porque se identifica referencialmente com o sujeito da oração subordinante1. Ora, uma vez que as duas orações têm sujeitos distintos (um sujeito nulo interpretado como eles e «a menina»), a frase parece apresentar uma anomalia semântica. Nesta ótica, esta poderá ser corrigida com a manutenção do mesmo sujeito nas duas orações, como acontece em (1):
(1) «Ao cortarem-lhe as tranças, eles deixaram a menina muito triste.»
No que respeita à colocação do pronome clítico, nos casos em que a oração infinitiva é introduzida pela preposição a (neste caso, contraída com o artigo o), a posição do pronome é enclítica, ou seja, este coloca-se depois do verbo, tal como se verifica em (1)2.
Disponha sempre!
1. Cf. Lobo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1998.
2. cf. Martins in Idem, ibidem, pp. 2285 – 2287.