Os actos ilocutórios relacionam-se com a pragmática. Qualquer falante, na sua produção linguística, faz uso de actos ilocutórios, por exemplo, uma pergunta tem um teor ilocutório diferente de uma ordem, ou de um pedido. Por sua vez, cada acto tem objectivos e forças de ilocução diferentes. Notamos que um pedido e uma ordem têm o mesmo objectivo ilocutório; tentar que o alocutário faça algo, contudo, estamos perante forças de ilocução diferentes: a ordem é normalmente expressa pelo modo imperativo, enquanto o pedido pode assumir a forma de uma pergunta ou de uma frase complexa, cujo conteúdo da oração subordinada constitui o pedido.
Tipologia dos actos de fala (e respectivos objectivos ilocutórios):
Representativos — relacionam o locutor com o valor de verdade da proposição expressa pelo enunciado.
Ex.: «Eu aceito a avaliação contínua.»
Directivos — tentam que o alocutário realize um acto que reflicta o reconhecimento, por parte desse mesmo alocutário, do conteúdo do enunciado proferido pelo locutor.
Ex.: «Exijo que se dê ouvidos a quem sabe o que diz.»
Comissivos — comprometem o locutor a desenvolver uma acção expressa no enunciado.
Ex.: «Juro fazer tudo o que estiver ao meu alcance.»
Expressivos — exprimem o estado psicológico do locutor sobre o estado de coisas especificado no enunciado.
Ex: «Fico contente pela tua visita.»
Declarações — Fazem com que um dado estado de coisas do mundo coincida com o conteúdo do enunciado.
Ex.: «(Declaro que) A sessão está aberta.»
Declarações Representativas — realizam actos ilocutórios representativos, com a força das declarações.
Ex.: «Considero Fundamental que se dê ouvidos a quem sabe o que diz.»
Fonte: Mateus, M.H. M. et al., 2003, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa: Editorial Caminho.