Com os pospositivos -açu, -guaçu e -mirim, mantêm-se as condições de uso do hífen previstas pela anterior norma ortográfica. Assim:
1. No Vocabulário Ortográfico de 1943, Base IV, 4.º, determinava-se o seguinte1:
«Nos vocábulos formados por sufixos que representam formas adjetivas como açu, guaçu e mirim, quando o exige a pronúncia e quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada gràficamente: andá-açu, amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu, etc.»
2. No novo Acordo Ortográfico, na Base XVI, 3.ª, mantém-se o mesmo critério: «Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.»
Isto não impede que existam formas aglutinadas, quer em nomes próprios (topónimos), quer em substantivos comuns: Biritibamirim (São Paulo), Mojimirim (São Paulo), acará-açu/acarauaçu/acarauçu/acaraçu2 (cf. Dicionário Houaiss). Devo assinalar que acarauaçu, acarauçu e acaraçu decorrem da alomorfia do próprio sufixo -açu, que tem também as formas -guaçu, -uaçu e -uçu, aglutinando-se as últimas duas formas ao primeiro elemento (acarauaçu, acarauçu).3 De qualquer modo, a ortografia de substantivos comuns e próprios formados com estes sufixos parece um tanto instável, impondo-se em casos como o dos topónimos uma tradição desviante em relação aos preceitos ortográficos oficiais.
1 No texto do Acordo Ortográfico de 1945, Base XXX, lê-se: «Emprega-se o hífen nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjectivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.»
2 O mesmo que apaiari, «peixe teleósteo, perciforme, da fam. dos ciclídeos (Astronotus ocellatus), de distribuição amazônica; é o maior acará brasileiro, atingindo até 30 cm de comprimento, de coloração verde-escura com manchas vermelhas, e cauda com um ocelo escuro» (Dicionário Houaiss).
3 «[O sufixo -açu provém] do tupi gwa`su "grande", port[uguês] -guaçu; ocorre nas var[iantes].: tupi -wa`su, port[uguês] -uaçu, com red[ução] do grupo iniciado por consoante velar sonora -gw- à semivogal posterior arredondada -w-, formando-se o ditongo -wa- em posição pretônica; tupi -a`su, port[uguês] -açu, com queda da semivogal; tupi -u`su, port[uguês] -uçu, com mudança de -a- para -u-, prov[avelmente] favorecida pela flutuação do timbre de vogais pretônicas, que, em contextos formais favoráveis, tende a se aproximar do timbre da vogal tônica final [...] (Dicionário Houaiss).