Diz-se e escreve-se «coetâneo de», ou seja, o adjetivo coetâneo, que significa «que é da mesma idade, contemporâneo, coevo»1, constrói regência com a preposição de:
(1) «Ninguém presumirá que eu considere Calvino coevo de Voltaire, ou Damião de Góis coetâneo de Couriere.» (Camilo Castelo Branco, Boémia do Espírito in Francisco Fernandes, Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos, 23.ª edição, São Paulo, Globo, 1995)
A mesma regência têm os sinónimos contemporâneo e coevo.
É também possível a preposição a, segundo o dicionário de Francisco Fernandes (idem, ibidem):
(2) «Consta a ser a arquitetura militar coetânea do princípio do mundo.» (dicionário de Frei Domingos Vieira)
Esta preposição será, porém, muito rara ou estará em desuso, pois as coleções eletrónicas de textos literários e não literários (corpora) não parecem facultar abonações2.
Acrescente-se que não se vislumbra claramente uma razão de organização lógica ou semântica para a seleção preferencial da preposição de. Como se faz notar na Gramática do Português (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 1529), «a preposição de é aquela que a língua usa em contextos de completa gramaticalização, ou seja, em contextos nos quais a preposição não tem qualquer semanticidade e a sua única função consiste em estabelecer uma ligação entre um núcleo e o seu complemento ou modificador».
1 Cf. Dicionário Houaiss, dicionário da Porto Editora (na Infopédia) e Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
2 No Corpus do Português, de Mark Davies, das oito ocorrências de coetâneo, quatro têm regência sempre com a preposição de.