Escreve-se sem hífen: lusodescendente, ao abrigo quer do Acordo Ortográfico de 1945 (AO 45) quer da nova ortografia. A estrutura de lusodescendente, como a de lusófono e lusofalante (Dicionário Houaiss), palavras que terão surgido anos depois do AO 45 (cf. idem), não é a de um composto formado por coordenação como luso-francês, mas, sim, a de um composto em que luso se comporta como um radical que modifica descendente – trata-se, portanto, de uma estrutura equivalente ou semelhante à dos chamados compostos clássicos (hidrografia, agricultura) e à dos híbridos (monocultura), cujos elementos se aglutinam, dispensando o hífen. Ou seja, em exemplos como físico-químico (=«físico e químico») ou trágico-marítimo (= «trágico e marítimo»), verifica-se a coordenação de dois atributos; pelo contrário, com lusodescendente pretende-se encarar a relação de descendência com a nacionalidade portuguesa, e não definir uma simultaneidade entre ser descendente e ser português.
Cf. Luso-africano e lusodescendente
* Cf. Base XVIII das Bases Analíticas do Acordo Ortográfico de 1945 + Base XV (hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares) do AO de 1990 + Vocabulário Ortográfico Português + Uso do hífen + Emprego do hífen + Uso do hífen – Novo Acordo Ortográfico