A opção pelo termo segurês pode ser adequada para referir de forma sintética a linguagem especializada dos seguros.
Trata-se de uma palavra bem formada, mais precisamente um nome derivado de outro nome, neste caso, seguro (diz-se que é um nome denominal), de acordo com o modelo de outros derivados pelo mesmo sufixo -ês: economês (a linguagem ou gíria dos economista), eduquês (a linguagem dos profisionais da educação), jornalês (a linguagem dos jornalistas), maternalês (a linguagem das mães quando falam aos bebés e crianças pequenas), mimalhês (a linguagem infantilizada), sociologuês (a linguagem dos sociólogos)1, termos a que se pode juntar ainda futebolês.
Contudo, ao uso de economês, eduquês e jornalês não é estranha uma atitude crítica, pois trata-se de palavras que visam muitas vezes a excessiva especialização da linguagem usada em certos ramos de atividade ou aos tiques e modismos que a caracterizam.
Talvez se possa contornar essa (eventual) dificuldade usando a perífrase «a linguagem de seguros e planos de saúde» e, depois, como nota irónica ou quase humorística, falar do segurês (ex: «os mistérios do "segurês"» ou «como decifrar o "segurês"», colocando a palavra entre aspas, como indicação de distanciamento crítico). Mas , se os problemas apontados não são de molde a criar equívocos, a forma segurês pode de facto constituir a maneira mais simples e direta de identificar o tema.
1 Cf. Graça Rio-Torto et al. Gramática Derivacional do Português, 2.ª ed., Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016, pp. 149-152.