Se a pergunta é relativa à utilização do piano, o uso indiscutivelmente correto é «tocar piano», sem qualquer preposição.
Mas é possível «tocar ao piano», quando se refere a interpretação de uma peça musical com uso de um piano – ou seja, «ao piano»:
(1) «Se ao menos tivesse uma irmã, inteligente e poética! Fazia-o suspirar, cerrar os olhos, a ideia de uma mulher de alma romântica, que o amasse, recebesse, reconhecida, a revelação das suas sensibilidades e para o acalmar lhe soubesse tocar ao piano melodias de Weber ou árias de Mozart!» (Eça de Queirós, A Capital, 1925, in Corpus do Português).
(2) «A Gioconda tocava ao piano o seu Chopin, Noturno n.° 2» (Erico Veríssimo, O Tempo e o Vento, parte 3, tomo 2, ibidem).
Quanto a «sentar-se ao piano», é expressão elíptica por «sentar-se ao piano para/a tocar (este instrumento)»:
(3) «De repente, sai do quarto, vem à sala de visitas, grita pela irmã, fá-la sentar ao piano, obrigando-a a tocar a "Bamboula [...].» (Lima Barreto, Diário Íntimo, ibidem)
Que levantem reservas quanto a «sentar-se no piano» é mais discutir uma questão de ambiguidade – a expressão pode entender-se literalmente, como «sentar-se em cima do piano» – do que achar-se em presença de uma incorreção. Na verdade, ao contrário do que diz o consulente, o gramático Napoleão Mendes de Almeida não condenava «tocar no piano», muito pelo contrário, pois censurava «ao piano», que, segundo ele, era um galicismo a evitar (Gramática Metódica da Língua Portuguesa, p. 292):
«Quem a torto e a direito emprega a preposição a incorre em perigo de praticar galicismos; constituem francesismos os seguintes empregos de a: "Sopa a tomate"— em vez de "sopa de tomate". "Falar ao telefone" — em vez de "falar no telefone". "Tocar ao piano" – em vez de "tocar no piano" [...].»
Mas, dado que «falar ao telefone» ou «estar ao telefone» (ou «ao telemóvel/celular«) são hoje expressões bem enraizadas na língua, também na atualidade se afigura absurdo rejeitar «tocar (peça musical) ao piano».