Na frase em apreço – «O homem perguntou se o que o garoto estava fazendo era ornamentos para os torreões do castelo» –, predica-se sobre «o que o garoto estava fazendo», portanto, este constituinte nominal é o sujeito. Ora, este constituinte pode ser substituído pelo pronome isto: «O homem perguntou se isto era ornamentos para os torreões do castelo». Assim, de acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1984,p. 502), este é um dos casos («quando o sujeito do verbo ser é um dos pronomes isto, isso, aquilo, tudo ou o (= aquilo)) em que o verbo ser deve concordar com o predicativo do sujeito, no caso «ornamentos para torreões do castelo». Posto isto, de acordo com o referido pela consulente, a frase deveria ter o verbo na terceira pessoa do plural: «O homem perguntou se o que o garoto estava fazendo eram ornamentos para os torreões do castelo.»
No entanto, importa referir que a mesma gramática alude ao facto de não ser «raro aparecer o verbo no singular, em concordância com o pronome demonstrativo ou com o indefinido: "se calhar, tudo é símbolos"» ou «há neles muita lágrima, e o que não é lágrimas são algemas» (Camilo Castelo Branco). Com o verbo no singular, em concordância com o pronome indefinido, procura-se «realçar um conjunto, e não os elementos que o compõem, a fim de sugerir-nos as diferentes realidades transformadas numa só coisa.»