Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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André Sucena Engenheiro industrial Aveiro, Portugal 27K

Em inglês, parece existir uma ordem popularmente aceite entre adjectivos e os substantivos que classificam, que consiste em algo como: opinião, tamanho, idade, forma, cor, origem, material, utilidade. Portanto, dizer «It is my adorable big old square black English leather business suitcase» soa bem, apesar de claramente não ser uma frase que se ouça no dia-a-dia, e qualquer subconjunto desses adjectivos soa bem desde que se mantenha a mesma ordem.

A minha pergunta é, existe alguma heurística semelhante em português? Os adjectivos em português parecem assumir uma função mais figurativa quando à esquerda do substantivo, e mais objectiva quando à direita. Qual seria a melhor maneira de traduzir a frase em inglês acima numa única frase em português?

Obrigado.

[N.E. — A pergunta do consulente está redigida segundo a norma ortográfica de 45. ]

Inês Pereira Docente Lisboa, Portugal 16K

Gostaria de saber se as frases têm complemento oblíquo, por favor.

«Voltou Camões pela via marítima» (pela via marítima)

ou na interrogativa: «Voltou Camões pela via marítima?» (pela via marítima)

Sendo o verbo "voltar" sinónimo de "regressar" penso que seria intransitivo, daí a dúvida se poderá ser complemento oblíquo. A frase na negativa muda alguma coisa a transitividade?

Muito obrigada

Miguel Reis Professor Lisboa, Portugal 3K

A frase «Vós, querida filha, dissestes isso?» levanta-me algumas dúvidas na sua análise sintática.

1) À partida consideraria o constituinte «Vós, querida filha» como sujeito, sendo «querida filha» modificador apositivo de «Vós».

2) Contudo, não existirá também a possibilidade de considerar que os constituintes «Vós» e «querida filha» se destinam a interpelar o interlocutor assumindo assim a função de vocativo, ficando o sujeito como nulo subentendido («Vós»)?

3) Mais remota talvez esta possibilidade, mas não poderia um dos dois constituintes assumir o papel de sujeito e o outro de vocativo? (acrescento o seguinte: na frase «tu disseste isso?» claramente «tu» é sujeito; na frase «tu, disseste isso?» parece-me claro que «tu» desempenha a função de vocativo; contudo, na frase «tu, meu amor, disseste isso?» torna-se difícil perceber se «tu» ou «tu, meu amor» funciona como vocativo ou como sujeito, pois se é verdade que o vocativo se separa com vírgula do resto da oração, o mesmo se passa com o modificador apositivo, indicando nesse caso as vírgulas a separação do modificador apositivo em relação ao resto do sujeito). Ou dependerá tão só da entoação dada à frase?

Sem mais, obrigado e bom trabalho

Isabel Caçorino Tradutora Lisboa, Portugal 11K

Tenho em mãos um texto em inglês para traduzir onde aparecem uma lista de termos como «racism, sexism, classism, ageism...»

Como devo traduzir classism? Será correto utilizar hoje em dia o termo "classismo", ou devo empregar «discriminação de classes»?

Já existe na língua portuguesa o termo "classismo"? O dicionário Priberam diz que sim, mas gostava de saber a vossa opinião.

Grata.

Armando Dias Reformado Lagos, Portugal 24K

Como tenho visto escrito de várias formas – inclusive, aqui no Ciberdúvidas –, pergunto: COVID 19, COVID –19, Covid 19 ou Covid–19?

Muito obrigado pelo esclarecimento.

Cláudio Silva Técnico Compras Gondomar, Portugal 3K

Relativamente à seguinte frase:

«No momento imediatamente anterior à execução de um pontapé de saída pela equipa visitante, na sequência da obtenção de um golo pela equipa visitada, os árbitros apercebem-se que esta se encontrava a jogar com um jogador a mais.»

O esta (apercebem-se que esta) está a mencionar a equipa visitante ou a equipa visitada? E quais os termos técnicos que suportam essa mesma resposta?

Obrigado.

Djavan Nascimento Estudante Recife, Brasil 3K

Primeiramente eu agradeço e parabenizo todos deste excelente e grandioso sítio, que é o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Trecho de uma carta de Monteiro Lobato (1882-1948) a Godofredo Rangel (1884-1951), em Barca de Gleyre:

«Apontas-me, como crime, a minha mistura de você com tu na mesma carta e às vezes no mesmo período. Bem sei que a Gramática sofre com isso, a coitadinha; mas me é muito mais cômodo, mais lépido, mais saído - e, portanto, sebo para coitadinha. Não fiscalizo gramaticalmente as frases em cartas. Língua de carta é língua em mangas de camisa e pé-no-chão, como a falada. Continuarei a misturar tu com você como sempre fiz... [...]»

1 - Os termos «como crime» e «como a falada» são classificados como aposto?

2 - No caso de o aposto ser formado por uma oração ou período todos, deve ser classificado somente como aposto? Ou deve ser analisado como uma oração ou período independente? Não achei na gramática tal explicação.

Agradeço-vos as respostas.

João Nogueira da Costa Professor (aposentado) Almada, Portugal 13K

Sempre conheci as expressões «raios te partam», «raios o partam», «raios me partam», «raios partam»1 isto e aquilo…

Mas nunca vi registado em nenhum dicionário, nem mesmo como uma corruptela, o vocábulo “raisparta”. No entanto, numa pesquisa que fiz no Google, este vocábulo aparece em barda2. Como poderemos classificá-lo?

Gostava de ter um esclarecimento e/ou uma opinião da vossa parte.

P. S.: Poderíamos incluir outra forma desta expressão que também se ouve: “raistaparta”.

 

1 No Ciberdúvidas, "Raios te partam".

2 “Raisparta” e “rais parta” – alguns exemplos respigados no Google:

• «O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora grafa — rais parta — «moto quatro» – Linguagista, 20/04/2014

• «As séries e os erros... raisparta!» – A Marquesa de Marvila,  24/05/2019

• «Emigrantes de volta: ″Raisparta, não se poderiam ter...» – Diário de Notícias, 02/08/2018

• «Nunca sei, rais parta os duplos particípios passados!» – a SARIP em WordPress, 26/07/2009

• «Rais parta esta gente que só está bem com o mal dos outros» – De repente já nos trinta, 30/12/2016

• «Dei um salto e sai-me este grande palavrão: "Raisparta!"» – ncultura, 12/04/2019

• «raispartam manhãs cinzentachuvosas como a de hoje» – Pensamentos Imperfeitos, 31/12/2003

• «O problema surge com os alunos (raisparta os bons alunos!)» – A Educação do meu Umbigo, 17/05/2011

• «Portúgal» (raisparta o acento do islandês).Viagem pelos nomes de Portugal» – Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, 25/06/2018 - 

• «Rais'parta, se eu tivesse sabido mais cedo da partida A caminho do Sol...» – Quinta Emenda, 13/08/2018

• «Raisparta a wikipedia» – Associaçom Galega da Língua

• «E raisparta se o catraio não merece melhor sorte.» – A tasca do Silva, 30/12/2016

• «Raisparta o microfone que nunca funciona» – Simão, Escuta, 25/05/2012

• «Raisparta as segundas-feiras» – Caco de mimo, 31/01/2014

• «O "raios" já se usou, agora não tanto ainda assim é uma forma diminutiva de " RAIOS PARTAM" que soa a algo como " Rais' parta"» – 10 MITOS sobre portugueses e Portugal #419

Marta Chodkowska Estudante Lublin, Polónia 10K

Gostava de saber que preposição se usa com o verbo perguntar: «Perguntar alguém por/sobre/de algo», ou sem preposição?

Ex. «Ela sempre pergunta por/sobre/de tudo ou pergunta tudo? 

Obrigada.

Jorge C. Sousa Engenheiro Leiria, Portugal 3K

Ao pretender referir-me ao agente que elicita, ou seja, o que promove ou faz sair, que leva a, valoriza ..., fico com dúvida em: "elicitador", "elicitor", "elicidador", "elicidor" (sendo que prefiro o elicitor).

Procurei em inglês em elicit → elicitor é usado e em francês o verbo éliciter.

Mais uma vez agradeço poder ver esclarecida outra dúvida que vos submeto, aproveitando para realçar o bom acolhimento que anteriores têm tido.