O verbo indagar pode ser regido, quando em uma sentença, pelo pronome oblíquo direto, como no exemplo: «Indaguei-o sobre sua participação no debate»?
Ou obrigatoriamente se deve reger pelo indireto, como em: «Indaguei-lhe [...]»?
Desde já, muito obrigado.
É correcto escrever «Gostaríamos de convidá-los...» num convite de casamento?
Uma pessoa disse que desta forma dá a entender uma intenção de convidar, mas não estamos realmente a convidar.
Fiquei confusa pois pensei que se tratava de uma forma mais delicada de fazer o convite, usando o imperfeito de cortesia.
Obrigada.
[N. R. – A consulente escreve correcto, conforme a ortografia anterior à que está em vigor (correto).]
Sou um aluno e encontram-me a realizar uma ficha de trabalho da disciplina de português. Entretanto, surgiu-me uma dúvida, que agradeço, humildemente, se ma conseguirem esclarecer.
Na frase «o livro está guardado num cofre», o verbo estar é copulativo ou verbo auxiliar?
Pergunto isto porque «guardado» será particípio passado, quando está presente em frases com formas verbais compostas («Eu tenho guardado os livros») e em frases passivas («Os livros foram guardados por mim»), e é adjetivo quando ocorre em frases predicativas, formadas com um verbo copulativo («O livro está guardado»). Todavia, como também temos a expressão «num cofre», receio que altere a minha suposição.
Assim, qual a função sintática de «num cofre», se «guardado» puder ser classificado como predicativo do sujeito?
Desde já agradeço a disponibilidade.
Carlos Góis [1881-1934], no seu livro Sintaxe de Regência, estabelece distinção entre os verbos impessoais e os unipessoais. Transcrevo para aqui o que ele refere:
«1- Não se confundam Verbos Impessoais com Verbos Unipessoais. A lamentável confusão (em que não poucas gramáticas têm incorrido) provém de que:
– tanto uns como outros só se conjugam em uma pessoa – A TERCEIRA (DO SINGULAR, OU DO PLURAL), donde ser lícito concluir:
– os verbos impessoais são sempre unipessoais.
Os unipessoais, porém, não são impessoais, porque o seu sujeito não é "indeterminado" (como sucede aos impessoais): é sempre determinado e expresso na frase, constituído:
a) ora por um infinitivo, ex.: "Convém estudar" – "Releva dizer" – "Sucedeu-lhe sair" – "Aconteceu-me falar";
b) ora por uma oração (cláusula substantiva subjetiva): "Convém que estudes" – "Urge que saias".»
Por último, transcrevo ainda o que ele menciona no item 4:
«4- Há uma tendência moderna (em que é manifesta a nefasta influência da sintaxe francesa) dos gramáticos em equiparar os verbos unipessoais aos impessoais, partindo do princípio de que:
Quer o infinito, quer a oração (únicos sujeitos que pode ter o verbo unipessoal) "não constituem propriamente pessoas gramaticais).
Ora, sendo Pessoas Gramaticais – as diversas maneiras de ser do sujeito, segundo a definição clássica – é certo que os casos de sujeito infinitivo e de sujeito oracional se enquadram na definição. Enumerando as diversas "relações", que podem funcionar como sujeito – são acordes as gramáticas (entre as quais sobre-eleva a de Mason) em arrolar o infinitivo e a oração. Ora, se equipararmos os verbos unipessoais aos impessoais, iremos cair no absurdo de considerar o infinito e a oração como seu objeto direto, o que poderá estar perfeitamente conforme ao génio da língua francesa, mas não no está em relação ao génio da portuguesa. É inacreditável que gramáticos do porte de Epifânio Dias [18841-1916] e João Ribeiro [1860-1934] pretendam inaugurar semelhante teoria, partindo de uma acepção muito restrita, em que estimam o acidente de pessoa, parecendo que só admitem como pessoa gramatical o "pronome" e o "substantivo" - esquecidos de que o infinito é um substantivo verbal, e de que orações há substantivadas, equivalentes do substantivo (segundo o testifica Mason), e de que o pronome, quando indefinido, é ainda mais vago e impreciso em sua enunciação pessoal que o infinito e a oração. Ouça-se o que aduzem a respeito: Epifânio Dias, em sua Sintaxe Histórica: "Em sentido lato também são impessoais as orações cujo predicado se refere a uma oração que faz as as vezes de sujeito (v.g. importa que isto se faça depressa), por isso que uma oração não é propriamente uma pessoa gramatical."»
Pois bem, tendo procurado em várias gramáticas portuguesas, não encontrei nenhuma distinção feita pelos autores entre os verbos impessoais e os unipessoais e por isso mesmo gostaria de saber se a diferença que Carlos Góis estabelece se encontra noutros autores de gramáticas portuguesas ou se se trata de uma teoria sua. Em havendo, gostava ainda de que me informassem o autor ou os autores que perspectiva(m) esses verbos da mesma maneira que o sr. Góis.
Trabalho maravilhoso o vosso.
Desde já muito obrigado!
P. S. : Ainda sobre a minha pergunta, desejava saber se a ação dos verbos unipessoais se atribui só a vozes de animais, se se trata unicamente de vozes de animais, por exemplo, rugir (leão), bacorejar (leitão), tinir (milheira) [...] Ou se o que sr. Carlos Góis aduz é um corolário seu, uma formulação da sua lavra, quando diz que os verbos impessoais são sempre unipessoais e que os unipessoais, no entanto, não são impessoais, porque o seu sujeito não é indeterminado, como sucede aos impessoais, sendo, portanto, sempre determinado e expresso na oração, constituído, ora por um infinitivo («Convém estudar»), ora por uma oração («Aconteceu-me faltar»), ou, se essa visão existe também em Portugal, na tradição gramatical portuguesa. [...]
É correto «Vamos imaginar que queremos achar...», ou «Vamos imaginar que queiramos achar...»?
Grato!
Está correto "reendoutrinar" (cf. re-indoctrinate)?
«A intenção de se introduzirem e re-endoutrinarem os fiéis com princípios anti-Igreja.»
Quando procedia à análise da frase «naqueles dias, o pó espalhou-se pelas ruas», tive dúvidas relativamente à função sintática desempenhada pelo segmento «pelas ruas». Hesitei entre o complemento oblíquo e o modificador, sem conseguir chegar a uma conclusão.
Obrigada pela atenção e parabéns pelo trabalho desenvolvido.
Está certo dizer «trar-mo-se-á» (i.é. «haver-se-á de trazê-lo até mim»)?
Ou seria «trar-se-mo-á»?
Gostaria de saber como classificar a função sintática do segmento «ao sentimento» na expressão «Camilo cedeu ao sentimento». Consideramos que se trata de um complemento oblíquo ou indireto?
Muito obrigada.
Em certas zonas do país usa-se em linguagem corrente expressões como «esqueceu-se-me», ou «fugiu-se-me», como por exemplo: «Esqueceu-se-me de comprar pão», em vez de «Esqueci-me de comprar pão». Em que conjugação / outra classificação gramatical é que estas formas se inserem, se nalguma?
Penso que uma conjugação reflexa seria «Esqueci-me, esqueceste-te, esqueceu-se, ...». Se assim é, qual é a função do me no exemplo acima?
Obrigado!
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