DÚVIDAS

A sintaxe do verbo insistir
Como se classificaria a oração subordinada na frase «insistia para que eu me imaginasse sempre a voar»? Uma professora considera tratar-se de uma oração subordinada adverbial final, uma vez que tem o para que, mas a meu ver a oração não tem valor de finalidade, parecendo-me antes uma oração substantiva completiva, visto que o verbo insistir não me parece poder ficar sozinho, exigindo uma oração que o complete. Obrigada.
A concordância temporal de e faz na frase «não trabalhava...»
Carlos Nougué em sua Suma Gramatical da Língua Portuguesa escreve: “ «"Não trabalhava faz dois anos" nem remotamente nos soa correta. E, no entanto, tão incorreta como "Não trabalhava faz dois anos" é "Não trabalhava há dois anos". Pois bem, use-se o verbo fazer ou o verbo haver, não se infrinja nunca o devido paralelismo ou correspondência verbal, e escreva-se corretamente: "Não trabalha há/faz dois anos" ou "Não trabalhava havia/fazia dois anos".» Apesar de clara, a explicação não contém tantos exemplos. Fiquei, portanto, com certas dúvidas. Estariam corretas construções como estas – «Aquelas ideias já foram esquecidas há tempos» e «Estive nos Estados Unidos há dois anos»–, porquanto Nougué prefere, por exemplo, «Decorreram dois anos que se casaram» a «Há/Faz dois anos que se casaram», considerando esta última como figura anômala? Obrigado.
«Dizer que» + indicativo ou conjuntivo
Gostaria de perguntar porque é que na seguinte frase: «Quando foram dizer a Hagrid que lhes abrisse a janela para poderem falar com ele», o verbo abrir vem no conjuntivo. Sei que há mais construções de Quando + Verbo + Conjuntivo para além desta, como é o caso de: «Quando quiserem que vos diga o que sei, peçam!» Mas também há outras construções similares em que isso não acontece, como é o caso de: «Quando disserem que não querem isso...» . No entanto, se mudarmos a frase um pouquinho, já vem no conjuntivo outra vez: «Quando disserem ao Francisco que vos abra a porta...» Porquê estas diferenças? Agradecia esclarecimento.
Concordância adjetival com nomes de géneros diferentes
(«As obras e o respetivo valor»)
Uma questão de importância; corrija-me se estiver errado. «As obras e seu respectivo valor haviam de ser avaliados» (avaliadas as obras, como também o valor; não havendo ambiguidade na sentença) ou «As obras e seu respectivo valor haviam de ser avaliadas» (avaliadas só as obras)? Nesse caso, havendo a possibilidade de se subentender que seriam avaliadas as obras e o valor, haveria então ambiguidade, cabendo ao leitor interpretar o contexto? ) [creio que nessa sentença o termo «avaliadas» só pode se referir a «obras»]. Uma questão de importância do termo a concordar, ou uma restritiva de concordância? Agradeço logo pela resposta. E parabenizo mais uma vez esse belíssimo trabalho do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa