Inserir é um verbo com duplo particípio, com uma forma regular (inserido) e uma forma irregular (inserto).
De uma forma geral, as gramáticas resolvem o problema dos verbos abundantes, ou seja, aqueles que apresentam duplo particípio, através de uma distribuição sintática das formas participiais. Assim, refere-se, sempre de forma modalizada, que a forma regular do particípio dos verbos, a designada forma fraca, constrói-se com os verbos auxiliares ter e haver, ao passo que a forma irregular, a forma forte, é acompanhada pelos verbos ser ou estar.
É também facto que a forma participial dos verbos pode ser usada como adjetivo. No caso do verbo inserir, ambas as formas se encontram atestadas pelos dicionários com uso adjetival, sendo apresentadas como tendo significados sinónimos:
(1) «Leia-se o capítulo inserido no final da obra.»
(2) «Este assunto surge inserto no capítulo II da obra.»
Não obstante, verifica-se que a forma participial forte, inserto, tem tendência a entrar em desuso na língua portuguesa, como conclui o estudo de Villalva e Almeida1.
Assim sendo, qualquer uma das frases apresentadas pelo consulente está correta do ponto de vista gramatical, sendo a que recorre à forma inserido preferida do ponto de vista dos usos.
Disponha sempre!
1. Villalva, Alina e Almeida, Marta, Verbos Abundantes: Usos, Desusos e Alguns e Alguns ‘Abusos. In XX Encontro da Associação Portuguesa de Linguística, Lisboa, 2004 [disponível in https://www.clul.ulisboa.pt/files/alina_villalva/2004Lisboa_verbos_abundantes.pdf]