Resido na freguesia de Dois Portos, Torres Vedras.
Gostaria de saber qual será a designação apropriada dos habitantes desta localidade de Dois Portos. Será "dois portuenses"?
Um agradecimento antecipado pelo vosso esclarecimento.
Há um aparelho que se usa para medir a altura das pessoas que se denomina estadiómetro. Tentei decompor a palavra para a perceber e não consegui entender o significado de estadio-. Será que me saberiam explicar?
Muito obrigada!
Tenho visto em alguns textos a palavra "arejabilidade". Contudo, não a encontro em nenhum dicionário de língua portuguesa. É correto usar essa palavra, ou ela, pura e simplesmente, não existe?
Muito obrigado.
"Antologiar", "antologizar" ou ambos?
Parece-me que o primeiro termo é que faz sentido, mas a verdade é que o segundo se impôs, não sei por que desenvolvimento linguístico.
Obrigado.
Como poderei classificar uma espécie de peixe presente em todos os oceanos? "Circunglobal" ou, à semelhança de circum-estelar, "circum-global"?
Obrigada
Na peça teatral Três em Lua-de-Mel (uma sátira ao Frei Luís de Sousa) da autoria de Henrique Santana e Francisco Ribeiro (Ribeirinho) em que a protagonista é casada com dois homens, um outro personagem faz-lhe reparo que «isso é um caso de biandria e portanto, pode ser presa».
A minha pergunta é: existe o vocábulo "biandria"?!
Sei que o prefixo indica dois, mas não consigo encontrar a palavra em nenhum dicionário nem na Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
Obrigado pela vossa disponibilidade.
Gostaria de saber qual é o gentílico de Dijon: dijonês ou dijonense?
Ao pesquisar, vejo que em português do Brasil se diz dijonense e que em espanhol também, mas confesso que me soa melhor dijonês. Será que as duas formas são admissíveis?
Agradeço, de antemão, a vossa ajuda.
A ortografia portuguesa contempla a possibilidade de que se sucedam mais do que um prefixo hifenizado em palavras compostas sem elementos de ligação (p. ex. vice-diretor-executivo ou ex-vice-diretor-executivo).
Não obstante (e por nunca me ter deparado com um caso desta natureza), ter-se-ia também de hifenizar a junção de uma unidade lexical autónoma (um nome) a uma palavra composta (sem elemento de ligação)?
Por exemplo, temos coleção-cápsula (uma pequena coleção especial de vestuário dentro da coleção mais geral da loja) e, consequentemente, teríamos “guarda-roupa-cápsula” ou “guarda-roupa cápsula” (esta última, talvez, porque poderia tornar mais claro que cápsula modifica restritivamente a unidade completa guarda-roupa” e evitaria outras possibilidades de relações de modificação entre os seus elementos?!)?
Agradeço, desde já, a vossa resposta!
'"Interlocado", do francês interloqué, existe em português?
A minha questão prende-se com apelidos/patronímicos.
Conquanto seja um facto, para os genealogistas, que o apelido Andrade é de origem toponímica e não patronímica, a verdade é que me parece encontrar evidências (?) de que também possa ter origem patronímica. Pelo menos, no que toca à minha família, e apenas no concernente ao nosso costado paterno – em “busca da qual” vagueei por horas, dias, semanas, meses e anos a fio, no tempo em tinha de me deslocar para a consulta das fontes, à (actual) Torre do Tombo, ao Arquivo Distrital de Santarém, à Conservatória do Registo Civil de Ferreira do Zêzere e ao Arquivo Paroquial da minha freguesia natal.
O meu texto, que se segue, vale apenas para contextualizar a problemática. A questão, portanto, é: poderá o apelido Andrade ou d’Andrade ser o patronímico de André?
Grato pela vossa atenção.
«APELIDOS; PATRONÍMICOS O apelido é o sobrenome de família que se transmite de pais a filhos. Parece terem sido os romanos que trouxeram para cá o uso do apelido. Uso com que a invasão goda acabou: com eles as pessoas apenas tinham o seu nome próprio, nada mais. Mais tarde, sob o domínio árabe generalizou-se o uso dos patronímicos. Estes, antes de se tornarem em verdadeiros apelidos, começaram por ser sobrenomes derivados do nome do pai. Alguns acabaram mesmo por constituir nomes próprios, embora derivados de outros e exprimindo filiação.
No tempo dos nossos primeiros reis, e até D. João I, vigorava a regra de que ao filho mais velho se desse o nome do avô materno seguido do apelido patronímico. Exemplo acabado desta regra é o caso de D. Afonso Henriques: Afonso, porque neto materno de Afonso (Afonso VI, rei de Leão e Castela, como se sabe – pai de D. Teresa), Henriques, porque filho de Henrique.
Mas os patronímicos também se formavam pela mera aposição do nome do pai ao do filho: assim, v. g., «Pedro Afonso» (filho de D. Afonso Henriques) era, de seu nome, Pedro; e porque filho de Afonso, Afonso. Ou seja: Pedro (filho de) Afonso. Ou: «Martinho/Martim (filho de) Lourenço», donde Martim/Martinho Lourenço.
Alguns patronímicos evidenciam bem a sua origem: como, v. g., Henriques se vê logo ser o patronímico de Henrique; ou Rodrigues, o de Rodrigo; ou Bernardes, o de Bernardo; como Sanches o de Sancho; ou Fernandes o de Fernando; ou Álvares o de Álvaro; ou Ramires o de Ramiro; ou ainda Martins/Martinez (e muito provavelmente Martens) o de Martim/Martinho. Tal como, ainda que hoje não seja para nós tão evidente, Soares é o patronímico de Soeiro; e Dias o de Diogo; e Peres o de Pedro/Pero; e Pais o de Paio/Pelágio. Da mesma forma muitos outros apelidos de hoje denunciam (até pela sua terminação em s) a sua origem patronímica, como acontece com Gomes.
Na nossa família encontramos duas aplicações muito evidentes relativamente a esta matéria de apelidos e patronímicos, com o apelido/patronímico Andrade, o mais remoto dos quais é o do tio-tetravô (padre) Francisco Manuel d’Andrade. A explicação que encontro (e tenho ideia de já o ter confirmado algures, e por mais de uma vez) é que o d’Andrade é o mesmo que «d’André»: «filho, e/ou neto, e/ou bisneto… de André». Como é aqui o caso: Francisco Manuel (R187) era filho de Manuel André, (046-054) nosso pentavô (hexavô...). Bom, mas não era só o pai do nosso referido tio-tetravô que era André, já o foi o seu avô (nosso hexavô...) Simão André (78) e o seu bisavô (nosso heptavô...) outro Simão André (184-216), assim como o trisavô dele (nosso octavô...), outro Manuel André (368-432) na mesma linha de ascendentes.
Igualmente “perto” (!) de nós temos também na família outro caso de um Andrade («de Andrade» ou «d’Andrade») que era filho de André: é o do tio-bisavô Manuel Ferreira d’Andrade, neste caso filho de António André. Era irmão do bisavô (trisavô/tetravô) Joaquim André Ferreira (004). Tanto o Manuel como o nosso bisavô Joaquim, eram filhos do trisavô António André (008). Daí ambos André, embora tivessem o nome completo construído de forma diferente, e um deles «d’Andrade» em vez de «de André» – que, tanto quanto penso, é o seu equivalente.
A propósito de apelidos, veja-se a “construção” do apelido André na nossa família desde o nosso, por um lado, octavô, por outro, heptavô Manuel André (a mesma pessoa física, que deve ter nascido cerca de 1630) passando pelos seus filhos Simão André e João André, respectivamente nossos heptavô e hexavô. São bem nítidas duas linhas contínuas que partem daquele octavô (numa linha) e heptavô, na outra, Manuel André, que se bifurcam naqueles seus dois filhos e convergem, de novo, no seu hexaneto Joaquim André Ferreira (nosso avô paterno), que no outro ramal é seu pentaneto. E então repare-se: dum lado temos uma linha agnatícia (varonil) até ao patamar da tetravó Maria Ribeira, em que se converte em cognática (feminina); do outro: sempre a linha varonil. Mas, todos eles, parentes directos, ou cognatos (consanguíneos, não afins). Resulta assim claro que o apelido que devíamos ter era o de André, o mais constante desde as gerações conhecidas de antepassados. Ou então André Ferreira, conjugando o mais antigo com o das últimas três gerações que antecedem a nossa.»
N. E. – O consulente adota a ortografia de 1945.
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