[...] [G]ostaria de vos transmitir a minha gratidão pelo excelente serviço que prestam no que se refere à defesa do verdadeiro português (hoje em dia tão frequentemente vilipendiado) em toda a sua riqueza de vocabulário, vertentes e matizes. Ultimamente, no âmbito da minha profissão de tradutor/revisor, tenho sido confrontado com uma crítica que me parece infundada. Apesar de ninguém me ter apresentado qualquer fonte fidedigna que possa servir de suporte a tal correção, também não consegui, até agora, encontrar qualquer argumento em contrário plasmado numa obra oficialmente reconhecida, pelo que apelo à vossa ajuda para garantir que me exprimo da forma mais correta possível.
Ao traduzir a expressão «establish connection to» (por exemplo, «establish connection to a different network»), utilizo por vezes a frase «estabelecer ligação com», à semelhança do que faço quando traduzo «establish connection with a different network» ou «connect to a different network». Acontece que, de vez em quando, recebo comentários que classificam tal expressão como sendo incorreta, indicando que a mesma deve ser substituída por «estabelecer ligação a». O argumento é sempre o mesmo: a regência do verbo ligar, no sentido de «unir/pôr em comunicação» implica que se utilize a preposição a. Apesar de concordar com o exposto relativamente ao verbo ligar, (uma vez que a utilização de com só é aplicável no sentido de «acender/pôr a funcionar»), não me parece que a regência no caso em apreço deva ser associada ao substantivo ligação, adotando as regras do verbo ligar, mas sim ao verbo estabelecer. Assim sendo, é óbvio que, ao telefonar a alguém, não posso «ligar com o destinatário», mas sim «ligar ao destinatário».
Quanto à expressão «estabelecer ligação com», não me parece que possamos aplicar o mesmo princípio, uma vez que entendo que a mesma implica reciprocidade, ou seja, quando «ligo» a alguém, o destinatário pode atender a chamada ou não, mas quando «estabeleço ligação com» alguém, a ligação concretiza-se, de facto. O mesmo acontece quando estabeleço laços, relações de amizade, acordos «com alguém» (e não "a alguém"). Por outro lado, se considerarmos a frase «O João liga-se (à Internet) com aquela rede operativa», também podemos presumir que o com na tradução de «establish connection with» é referente à utilização de um determinado meio (rede, etc.) para estabelecer a ligação. Contudo, existem muitas outras situações em que determinado termo pode ser interpretado de forma distinta, dependendo do contexto, o que não faz com que tais expressões devam ser abolidas (como é o caso de «os seus problemas», em que «seus» pode referir-se ao destinatário ou a terceiros).
Perante o exposto, agradeço que me confirmem se o meu raciocínio é correto, ou se, no caso em apreço, especificamente, a tradução «estabelecer ligação com» deve ser sempre substituída por «estabelecer ligação a».
Gostaria de saber se reenergizante é uma palavra válida na língua portuguesa.
Obrigada.
Senhores, primeiramente, deixo-lhes meus parabéns pelo excelente trabalho do portal. Leio costumeiramente as dúvidas aqui respondidas e sempre aprendo conteúdos novos e boas indicações de estudo.
No momento, estou em um "debate linguístico" que divide o grupo mais próximo de professores em torno da classificação do termo «sobre o assunto», no seguinte período: «A falta de informações dos habitantes sobre o assunto faz com que a cidade entre em pânico a cada notícia.» Há colegas de trabalho que alegam ser adjunto adverbial de assunto deslocado, logo, deve ser separado por vírgulas; outros, em menor número, não aceitam e explicam que não há qualquer relação do termo com verbo ou outros termos adverbiais, sendo um complemento nominal da palavra informação – tanto é assim que, segundo eles, pode-se omitir o adjunto adnominal «dos habitantes», para perceber melhor a complementação de sentido. Claro, para esse segundo grupo, não há de se pôr vírgulas para separar o referido termo.
Em [sua] opinião, qual é a classificação?
«Teria muito gosto de fazer parte da sua equipa» ou «teria muito gosto em fazer parte da sua equipa»?
Tendo encontrado em registo escrito as expressões conteudística e conteudismo, gostaria que me esclarecessem sobre se é possível, e, já agora, correto, o recurso a estas expressões, tanto na expressão escrita como oral.
Muito obrigada.
Como se diz corretamente: «fui ao pilates» ou «fui aos pilates»?
Não existe a palavra "indignificar" cujo significado seria «tornar indigno» (não confundir com indignar)? Imagino uma frase assim: «Não cometa essa indignidade que só o indignificará.» Fui suficientemente claro? Pode por favor dar-me a sua opinião?
Obrigado.
Nenhum dicionário regista o termo “destitutivo”. Será um erro, um neologismo ou uma falha dos dicionários?
Muito obrigado.
Por favor, esclareçam a todos. Entre os brasileiros, está tornando-se comum o uso da palavra «noético(a)» como se esta estivesse relacionada a ou fosse derivada de Noé, a personagem bíblica.
Por outro lado, sabemos que em português existe a forma “Noá” (de "Noah"). Portanto, poliónimos ou palavras derivadas de Noá (variante de Noé) (para relativo a, para proveniente de, e para que se refere a) só podem ser: {noá+ico} noaico(a), {noá+ita} noaíta, e {noá+ítico} noaítico(a). Como em inglês existem "noahic", "noahite" e "noahitic". Confere? Jamais “noético”, até porque noético(a) é outra coisa (em inglês, "noetic"). Confere?
Em 12/12/2008, a RTP noticiava o seguinte: «Guilherme Silva, deputado do PSD e também vice-presidente da Assembleia da República, afirmou em entrevista à jornalista Maria Flor Pedroso, que a falta de deputados esta manhã no Parlamento, ausências que levaram ao cancelamento da reunião, se trata de uma situação inadmissível e inaceitável.»
Na generalidade, os dicionários da língua portuguesa dão os adjetivos «inadmissível» e «inaceitável» como termos sinónimos. No entanto, a expressão frequentemente ouvida, «inadmissível e inaceitável», parece fazer transparecer que os dois termos não apenas se reforçam, mas que também se completam, pois terão significados próximos, embora diferentes. Se for o caso, como explicar a sinonímia que os dicionários lhes atribuem? Não sendo, estará essa expressão incorreta?
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