Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Léxico
Nelson Brás Tradutor Figueira da Foz, Portugal 6K

[...] [G]ostaria de vos transmitir a minha gratidão pelo excelente serviço que prestam no que se refere à defesa do verdadeiro português (hoje em dia tão frequentemente vilipendiado) em toda a sua riqueza de vocabulário, vertentes e matizes. Ultimamente, no âmbito da minha profissão de tradutor/revisor, tenho sido confrontado com uma crítica que me parece infundada. Apesar de ninguém me ter apresentado qualquer fonte fidedigna que possa servir de suporte a tal correção, também não consegui, até agora, encontrar qualquer argumento em contrário plasmado numa obra oficialmente reconhecida, pelo que apelo à vossa ajuda para garantir que me exprimo da forma mais correta possível.

Ao traduzir a expressão «establish connection to» (por exemplo, «establish connection to a different network»), utilizo por vezes a frase «estabelecer ligação com», à semelhança do que faço quando traduzo «establish connection with a different network» ou «connect to a different network». Acontece que, de vez em quando, recebo comentários que classificam tal expressão como sendo incorreta, indicando que a mesma deve ser substituída por «estabelecer ligação a». O argumento é sempre o mesmo: a regência do verbo ligar, no sentido de «unir/pôr em comunicação» implica que se utilize a preposição a. Apesar de concordar com o exposto relativamente ao verbo ligar, (uma vez que a utilização de com só é aplicável no sentido de «acender/pôr a funcionar»), não me parece que a regência no caso em apreço deva ser associada ao substantivo ligação, adotando as regras do verbo ligar, mas sim ao verbo estabelecer. Assim sendo, é óbvio que, ao telefonar a alguém, não posso «ligar com o destinatário», mas sim «ligar ao destinatário».

Quanto à expressão «estabelecer ligação com», não me parece que possamos aplicar o mesmo princípio, uma vez que entendo que a mesma implica reciprocidade, ou seja, quando «ligo» a alguém, o destinatário pode atender a chamada ou não, mas quando «estabeleço ligação com» alguém, a ligação concretiza-se, de facto. O mesmo acontece quando estabeleço laços, relações de amizade, acordos «com alguém» (e não "a alguém"). Por outro lado, se considerarmos a frase «O João liga-se (à Internet) com aquela rede operativa», também podemos presumir que o com na tradução de «establish connection with» é referente à utilização de um determinado meio (rede, etc.) para estabelecer a ligação. Contudo, existem muitas outras situações em que determinado termo pode ser interpretado de forma distinta, dependendo do contexto, o que não faz com que tais expressões devam ser abolidas (como é o caso de «os seus problemas», em que «seus» pode referir-se ao destinatário ou a terceiros).

Perante o exposto, agradeço que me confirmem se o meu raciocínio é correto, ou se, no caso em apreço, especificamente, a tradução «estabelecer ligação com» deve ser sempre substituída por «estabelecer ligação a».

Manuela Pires Secretária Porto, Portugal 7K

Gostaria de saber se reenergizante é uma palavra válida na língua portuguesa.

Obrigada.

Ivan Costa Professor João Pessoa, Brasil 2K

Senhores, primeiramente, deixo-lhes meus parabéns pelo excelente trabalho do portal. Leio costumeiramente as dúvidas aqui respondidas e sempre aprendo conteúdos novos e boas indicações de estudo.

No momento, estou em um "debate linguístico" que divide o grupo mais próximo de professores em torno da classificação do termo «sobre o assunto», no seguinte período: «A falta de informações dos habitantes sobre o assunto faz com que a cidade entre em pânico a cada notícia.» Há colegas de trabalho que alegam ser adjunto adverbial de assunto deslocado, logo, deve ser separado por vírgulas; outros, em menor número, não aceitam e explicam que não há qualquer relação do termo com verbo ou outros termos adverbiais, sendo um complemento nominal da palavra informação – tanto é assim que, segundo eles, pode-se omitir o adjunto adnominal «dos habitantes», para perceber melhor a complementação de sentido. Claro, para esse segundo grupo, não há de se pôr vírgulas para separar o referido termo.

Em [sua] opinião, qual é a classificação?

Susana Simplício Gestora Projectos Lisboa, Portugal 10K

«Teria muito gosto de fazer parte da sua equipa» ou «teria muito gosto em fazer parte da sua equipa»?

Elsa Maria Carneiro Mendes Professora Almada, Portugal 3K

Tendo encontrado em registo escrito as expressões conteudística e conteudismo, gostaria que me esclarecessem sobre se é possível, e, já agora, correto, o recurso a estas expressões, tanto na expressão escrita como oral.

Muito obrigada.

Patricia Peres Gestora Lisboa, Portugal 6K

Como se diz corretamente: «fui ao pilates» ou «fui aos pilates»?

José Barbosa Reformado Maia, Portugal 4K

Não existe a palavra "indignificar" cujo significado seria «tornar indigno» (não confundir com indignar)? Imagino uma frase assim: «Não cometa essa indignidade que só o indignificará.» Fui suficientemente claro? Pode por favor dar-me a sua opinião?

Obrigado.

João Nogueira da Costa Almada, Portugal 3K

Nenhum dicionário regista o termo “destitutivo”. Será um erro, um neologismo ou uma falha dos dicionários? 

Muito obrigado.

Noahide Br Outros São Paulo, Brasil 5K

Por favor, esclareçam a todos. Entre os brasileiros, está tornando-se comum o uso da palavra «noético(a)» como se esta estivesse relacionada a ou fosse derivada de Noé, a personagem bíblica.

Por outro lado, sabemos que em português existe a forma “Noá” (de "Noah"). Portanto, poliónimos ou palavras derivadas de Noá (variante de Noé) (para relativo a, para proveniente de, e para que se refere a) só podem ser: {noá+ico} noaico(a), {noá+ita} noaíta, e {noá+ítico} noaítico(a). Como em inglês existem "noahic", "noahite" e "noahitic". Confere? Jamais “noético”, até porque noético(a) é outra coisa (em inglês, "noetic"). Confere?

Paulo de Sousa Tradutor Oeiras, Portugal 3K

Em 12/12/2008, a RTP noticiava o seguinte: «Guilherme Silva, deputado do PSD e também vice-presidente da Assembleia da República, afirmou em entrevista à jornalista Maria Flor Pedroso, que a falta de deputados esta manhã no Parlamento, ausências que levaram ao cancelamento da reunião, se trata de uma situação inadmissível e inaceitável.» 

Na generalidade, os dicionários da língua portuguesa dão os adjetivos «inadmissível» e «inaceitável» como termos sinónimos. No entanto, a expressão frequentemente ouvida, «inadmissível e inaceitável», parece fazer transparecer que os dois termos não apenas se reforçam, mas que também se completam, pois terão significados próximos, embora diferentes. Se for o caso, como explicar a sinonímia que os dicionários lhes atribuem? Não sendo, estará essa expressão incorreta?