DÚVIDAS

A atração pronominal numa frase com dois verbos pronominais
A minha pergunta pode ser simples, mas é para mim uma dor de cabeça, e já tentei, sem sucesso, pesquisar a resposta. É a seguinte: Os atratores da próclise atraem todos os clíticos da frase, ou apenas o mais próximo? Exemplo, qual destas frases seria correta: a) «Nunca se dignou a aproximar-se», ou b) «Nunca se dignou a se aproximar»? Qual destas é a correta? Desde já agradeço a vossa colaboração!
O verbo experimentar seguido de infinitivo
(«experimentar fazer»)
Qual das seguintes frases está correta segundo o português europeu padrão? «Eu hei-de experimentar a comprar pão daquele.» «Eu hei-de experimentar comprar pão daquele.» Tratar-se-á do mesmo fenómeno que ocorre com a preposição a antes do infinitivo como em: «A continuar este trabalho, vou conseguir ganhar mais.» E já agora qual o nome para estes fenómenos? Trata-se do gerúndio com a mais verbo no infinitivo? Obrigado!
Sobre a concordância do verbo ser com o predicativo do sujeito
Peço que os consultores do Ciberdúvidas voltem a pronunciar-se sobre a concordância do verbo ser com nomes predicativos no plural, apesar de o sujeito ser singular. As respostas já existentes são poucas, e algumas delas geram dúvidas. É importante sublinhar este aspecto porque a concordância com o nome predicativo se afasta da regra geral e, por isso, suscita alguma renitência dos falantes (em rigor, dos escreventes, porque a expressão oral mais facilmente segue as intuições). Além disso, como o inglês e o francês, em estruturas semelhantes, fazem a concordância com o singular do sujeito, agrava-se a tendência para escrever da mesma maneira em português. Nalguns jornais portugueses, chega a acontecer que os autores dos texto utilizem correctamente o verbo no plural, a concordar com o nome predicativo, e os revisores mudem o verbo para o singular. Assim, é preciso sublinhar que as seguintes expressões são gramaticalmente correctas – e intuitivas – e que seriam incorrectas se o verbo surgisse no singular: - O que ela levou foram as romãs. - Se a política se tivesse mantido, esta turma seriam 25 alunos. - Muitas vezes, o problema das crianças são os maus exemplos dos pais. - A chave do Totoloto foram os seguintes números. - Uma vez não são vezes. - Nesse tempo, a população de Portugal eram dois milhões de pessoas. - O direito são as regras que os tribunais aplicam. - O alvo deles somos nós. É certo que, nalguns casos, o verbo ser é usado no singular apesar de o nome predicativo estar no plural, mas não é essa a regra. Obrigado!
A concordância verbal numa frase interrogativa
com inversão do sujeito
Apesar de toda a consulta no Ciberdúvidas de artigos similares, é-me complexo decidir qual a melhor opção. «Que ciência nos ensina os livros?» «Que ciência nos ensinam os livros?» Pensei que a primeira opção será a mais correcta, mas, algumas horas depois de escrever a frase, tive a clara sensação de que estava errada. Compreendo que a solução simples seria optar por «Os livros ensinam-nos que ciência?», mas esta frase claramente não cumpre os objectivos da primeira no contexto em que será usada (primeira frase de uma sinopse). Muito obrigado.
Os pronomes relativos o que e que em orações relativas apositivas
«Imaginemos, não o diálogo, que esse já aí ficou, mas os homens que o sustentaram, estão ali frente a frente como se se pudessem ver, que neste caso nem é impossível, basta que a memória de cada um deles faça emergir da deslumbrante brancura do mundo a boca que está articulando as palavras,...» José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, pág. 180 Gostaria muito que me dissessem se o que da proposição «que neste caso nem é impossível» no texto de Saramago faz parte da locução o que, e ipso facto, equivale a isto, e essa mesma construção poderia ser vista como relativa apositiva, ou, se se trata de um que causal segundo pensa o gramático brasileiro Napoleão Mendes de Almeida. Agradeço-vos, desde já, não só a minha resposta mas também o vosso trabalho monumental. Muito obrigada!
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa