1. A cobertura informativa da vitória da seleção portuguesa na final do Campeonato Europeu de Futebol realizada em Paris, em 10 de julho p. p. teve um ponto alto na receção dos seus jogadores em Lisboa, em clima de grande euforia e palavras que marcaram exclamativamente a felicidade e o júbilo dos adeptos. Pena só que à festa e às congratulações escritas nos diversos meios de comunicação – em legendas televisivas e até em anúncios do respetivo patrocinador oficial, nomeadamente – tenham faltado tanto, e tantas vezes, as indispensáveis vírgulas nos muitos vocativos das frases de felicitação. É o caso da ilustração ao lado – «Parabéns Portugal»* –, que, para o efeito pretendido, carece do essencial: a vírgula antes do vocativo. Corrija-se, pois, o erro e escreva-se com satisfação ainda maior: «Parabéns, Portugal!»
* Também aqui. Outro caso em que se deteta o erro apontado: «obrigado Portugal», em vez de «obrigado, Portugal». Cf., ainda: O erro crasso no “Bom dia Portugal”, «Bom dia, Maria.», «Bom dia, Maria!»...
2. Nas rubricas do Português na 1.ª pessoa, há novos artigos. Assim:
– Igualmente a propósito da vitória portuguesa no Euro 2016, a rubrica O nosso idioma acolhe um apontamento da professora Maria Eugénia Alves sobre o significado e a etimologia de três palavras associadas ao tema: mérito, brilho e sorte.
– Nas Controvérsias, as consequências linguísticas do chamado Brexit continuam na ordem do dia, agora com uma reflexão que o político português António Bagão Félix publicou no jornal Público em 6/07/2016;
– No Pelourinho, o consultor Filipe Carvalho dá conta do uso indevido do indicativo em lugar do conjuntivo depois da conjunção embora.
3. Entre as notícias com interesse para o conhecimento ou promoção da língua portuguesa, duas notas:
– Retomando o tema do uso do português em França e a promessa feita pelo presidente francês François Hollande no princípio de junho p. p., de incrementar o ensino do português no país (ver aqui a informação**), impõe-se dar realce à entrevista que Hermano Sanches Ruivo, primeiro vereador português eleito para o município de Paris, concedeu ao jornal Público (texto publicado em 11/07/2016), no contexto do Euro 2016. Das declarações de Sanches Ruivo, ressalta a seguinte passagem, acerca da presença do português no ensino francês: «[...] como é que podemos aceitar que apenas uma dezena de universidades tenham, de facto, o ensino da língua portuguesa nas suas propostas curriculares? Como é que podemos admitir ou entender que ainda tenhamos centenas ou milhares de diretores de escolas que simplesmente rejeitam a possibilidade de oferecer a língua portuguesa aos seus alunos? A realidade é que não se está a responder a um plano de desenvolvimento do ensino da língua portuguesa. Nunca foi algo que tenha sido suficientemente negociado ou pressionado pelos governos de Lisboa. E temos mais do que as pessoas suficientes potencialmente interessadas em aprender a língua.»
** «Vão ser rapidamente marcadas reuniões do grupo técnico que existe entre Portugal e França para o alargamento da presença do ensino de português» em França – garantia o primeiro-ministro António Costa, no seguimento das declarações do presidente François Hollande. Com a sua visita oficial a Portugal no dia 19, esperemos que, até lá, haja algum desenvolvimento concreto nesse sentido.
– Do jornal em linha brasileiro Nexo, chega-os um trabalho com o curioso título "Todxs contra x língua: os problemas e as soluções dx linguagem neutrx", no qual se reflete sobre a chamada «linguagem não binária» ou «linguagem neutra», conceito defendido por ativistas dos movimentos feministas e LGBT de modo a contornar o binarismo e o sexismo da linguagem.
4. Voltando a Portugal, outro assunto da atualidade: publicados os resultados do exames dos ensinos básico e secundário, observa-se uma pequena descida na disciplina de Português. No 9.º ano, a média atingiu 57%, menos um ponto percentual do que em 2015; no 12.º ano, a situação é semelhante: na escala de 0 a 20 valores, a média obtida ficou pelos 10,8, enquanto no ano passado tinha chegado aos 11 valores.
5. Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas na rádio pública portuguesa:
– No Língua de Todos de sexta-feira, 15 de julho (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 9 de julho, depois do noticiário das 9h00*), o professor Carlos Rocha debruça-se sobre a origem das palavras geringonça, gíria e crowdfunding, entre outras de mais recente circulação mediática em Portugal.
– No Páginas de Português de domingo, 17 de julho (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), passa uma entrevista com a presidente do Instituto de Cooperação e da Língua – Camões, Ana Paula Laborinho, com as suas impressões sobre a III Conferência Internacional "O Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial", que decorreu na capital de Timor-Leste, de 15 a 17 p. p.
6. Voltamos a lembrar o período de férias do consultório, fechado até ao próximo mês de setembro, a despeito das atualizações das demais rubricas, sempre que for caso disso. Para quaisquer outros assuntos, agradecemos o contacto pelo endereço eletrónico habitual: aqui.