O dicionário Houaiss diz-nos que é de origem... controversa: «Alguns autores consideram obscura a origem do vocábulo [como José Pedro Machado e António Geraldo da Cunha, que também consultámos]; ao estudar o espanhol ‘jerga’, «linguagem especial, difícil de compreender, geringonça», derivada do occitânico antigo ‘gergon’ < francês antigo ‘jargon’ ou ‘gergon’, inicialmente gorjeio dos pássaros», depois “jargão”, Corominas sugere para o português gíria o étimo ‘*gíriga’, conexo com ‘jeringonza’, “geringonça”, que apresenta as variantes locais ‘jeringoncia’, ‘cirigoncia’, ‘sirigonza’ (este no calão mexicano) e a forma regressiva ‘xíriga’ (ou ‘xériga’), nome do jargão de telheiros, canteiros e cesteiros asturianos, procedente de ‘*gíriga’, do qual, segundo o autor, «saiu por outro lado o português gíria».
Germania vem do espanhol ‘germanía’, irmandade de corporações de Valência e Maiorca, existente durante a guerra que promoveram contra os nobres (início do século XVI). Por extensão (1534), passou a designar «conjunto de rufiões, ladroagem», acepção que, segundo Corominas, estaria relacionada com a quantidade de gente de má vida que se concentrou em Valência, como resíduo de tais lutas civis. No século XVII, passa a significar também «gíria de ladroagem», e será, pois, a partir daqui que os dois termos se relacionam.