1. São tema recorrente em outubro e em 2023 voltam à atualidade – os Prémios Nobel. Além do relevo dado à atribuição do Nobel de Medicina a Katalin Karikó e Drew Weissman, cujas descobertas têm sido decisivas para o desenvolvimento de vacinas anti-covid-19, do de Física a Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L'Huillier e do de Química a Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Akimov, as atenções centram-se também no Prémio Nobel da Literatura, ganho pelo norueguês Jon Fosse, e no da Paz, que foi para a ativista iraniana Narges Mohammadi. Acerca do nome Nobel, que pode usar-se também como nome comum e adjetivo (ver dicionário da Academia das Ciências de Lisboa), o Ciberdúvidas tem recomendado a pronúncia "nobél" em respostas anteriores (elencadas aqui). Importa, no entanto, assinalar, que na dicionarística mais recente, a par da acentuação aguda, apresenta-se igualmente a articulação de Nobel como palavra grave, soando "nóbel". É um registo, para muitos discutível, que se encontra na Infopédia, induzindo uma situação a que se poderia chamar binormativa, ainda que em pequeníssima escala. Mas para falar de binormativismo em grande escala, transcreve-se com a devida vénia, na rubrica Diversidades, o curioso artigo que o professor universitário e tradutor Marco Neves dedicou à língua norueguesa e à sua dupla codificação, precisamente a propósito do vencedor do Nobel da Literatura de 2023.
2. Se digo «eu aborreço-me», porque não posso dizer «eu apetece-me»? O esclarecimento da questão faz parte do conjunto de sete novas respostas que atualizam o Consultório e nas quais se abordam ainda os seguintes tópicos: a frase feita «ganha mas não leva»; o topónimo Niágara; os conceitos de coesão e coerência; a enumeração como figura de estilo; a sintaxe de perguntar; e os sinónimos fim e final.
3. Nas escolas de Portugal, há cada vez mais crianças e adolescentes que mal dominam a língua portuguesa e que requerem um acompanhamento especial, nem sempre possível. Na rubrica Ensino, a consultora Inês Gama foca o caso dos alunos que falam nepali (ou nepalês, uma das línguas do Nepal), continuando a sua reflexão à volta das condições de funcionamento da disciplina de Português Língua Não Materna (PLNM).
4. Em O Nosso Idioma, divulga-se, devidamente atribuída, a crónica que o jornalista português José Júdice publicou no semanário Tal&Qual (4 a 10/10/2023) a respeito das conotações do advérbio jamais e de «novas ortodoxias» linguísticas como «cidadãos seniores», «Estado social», «alterações climáticas», «digitalização», «causas fraturantes» ou «direitos LGBT+». Na mesma rubrica, inclui-se ainda um texto do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi (ver Diário de um Linguista, 02/10/2023), que respiga uma série de vocábulos que só ocorrem em expressões idiomáticas, várias a caminho do desuso: tona, toa, triz, entre outros.
5. Sobre o que pode ser a experiência profissional académica da poesia em português, um vídeo que, com duas décadas, justifica registo: trata-se de uma entrevista com o professor universitário e ensaísta Fernando J. B. Martinho, galardoado no final de setembro com o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários.
6. Eventos realizados ou a realizar que se relacionam com a língua e as suas literaturas:
– Na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa, em 05/10/2023, foi apresentado o álbum Um Só Dia, homenagem à poesia cantada de Manuel Alegre.
– A 11.ª edição do Encontro de Escritores de Língua Portuguesa decorre na cidade da Praia, de 19 a 22 de outubro. O tema é “Língua Portuguesa, Expressão de Liberdade, Democracia e Desenvolvimento Municipal”.
– O Festival Internacional Literário de Óbidos – o F(O)LIO – realiza-se de 12 a 22 de outubro. A figura homenageada é o livreiro e editor José Pinho, falecido em 30/05/2023 e fundador deste festival.
7. Quanto a programas sobre língua portuguesa na rádio pública de Portugal, salientam-se:
– Língua de Todos, na RDP África, que, na sexta-feira, 06/10/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), aborda o tema das aplicações da Inteligência Artificial na elaboração de textos académicos;
– Páginas de Português, na Antena 2, que, no domingo, 8 de outubro, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 14 de outubro às 15h30*), dá destaque ao 6.º Congresso Internacional de Linguística Histórica, a ter lugar de 9 a 11 de outubro de 2023, a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra., tendo como figura homenageada Clarinda de Azevedo Maia;
– Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50), cujas emissões de 9 a 13 de outubro são dedicadas à linguagem das vendas: como vender mais e melhor? A convidada é a treinadora de vendedores Mafalda Johannsen.
1. A cantora portuguesa A Garota Não recebeu a 1 de outubro o Globo de Ouro da SIC para a melhor intérprete. Agradeceu a distinção não com o habitual discurso, mas com um poema de sua autoria, que analisa de forma crítica alguns dos fatores que podem estar na base do sucesso, terminando com as seguintes palavras: «Há quem tenha muita sorte / A sorte, a mim, tem-me dado muito trabalho». Esta afirmação rapidamente se tornou viral nas redes sociais, chegando às páginas da comunicação social. Na sua aparente simplicidade, o enunciado faz assentar a sua intenção comunicativa na antítese entre dois conceitos: sorte vs. trabalho. O substantivo sorte (do latim sors, sortis) é equivalente a destino ou fado, referindo uma força superior que determina o rumo dos acontecimentos de forma inelutável; trabalho (de trabalhar, do latim tripaliare) designa uma tarefa que exige algum tipo de esforço. A oposição entre as palavras condensa duas formas de se atingir um dado objetivo: a via fácil, na qual tudo acontece naturalmente, sem esforço por parte da pessoa, e a via difícil, na qual o objetivo se atinge por meio de empenho contínuo e persistente e de sacrifício. Esta antítese junta ainda uma nota de ironia ao implicitar uma crítica a todos os que atingem o sucesso por um conjunto de fatores que não estão relacionados com a dedicação e a persistência, ou seja, que lá chegam pela via fácil e que, portanto, serão menos merecedores do triunfo. As inúmeras partilhas das palavras da cantautora mostram como muitas pessoas se identificaram com o que foi dito e, do ponto de vista linguístico, ilustram o caminho do que pode ser entendido como uma expressão idiomática, ou seja, uma expressão de uso comum cujo sentido ultrapassa o valor literal das palavras que a compõem. Neste caso, a afirmação condensaria uma significação equivalente a «o meu sucesso é fruto do meu empenho e não de um momento de fortuna ocasional».
As palavras sorte e trabalho estão na base de várias respostas disponíveis no Ciberdúvidas, que aqui recordamos: «Má sorte», «A expressão «toda a sorte de»», «O mérito, o brilho e... a sorte», «O trabalho e o ócio», ««Trabalho duro», «trabalho árduo»: solidariedades lexicais».
2. Qual a opção correta: pudico ou púdico? Esta é uma questão que se discute há mais de 100 anos e cujos contornos se analisam nesta resposta disponível no Consultório. Para além desta, ficam disponíveis na atualização outras seis novas respostas: «Arrogar e gostar + pronome se», «Os sufixos -ivo e -ório», «A pronúncia de saem e caem», «A métrica numa cantiga de D. Dinis», «Oração relativa e complemento oblíquo», «Os advérbios aqui, cá, lá e acolá». Por fim, regressamos ao tema da linguagem inclusiva, desta feita para responder a uma questão «Sobre as origens da linguagem inclusiva».
3. Serão os prefixos presentes nas palavras irracional e indispensável manifestações de um mesmo prefixo? Na sua rubrica semana, a professora Carla Marques analisa a variabilidade do prefixo in- na formação de palavras (rubrica divulgada no programa Páginas de Português, na Antena 2).
4. Em Portugal, o crescimento de locais de comércio geridos por estrangeiros tem levado ao aumento de letreiros / anúncios que exibem erros ortográficos e frases de sintaxe defeituosa ou, por vezes, quase impercetíveis. O consultor Paulo J. S. Barata apresenta, no Pelourinho, o caso do letreiro onde se pode ler «Este massa é tu gostas» (ver aqui).
5. Um registo final para os prémios atribuídos a autores portugueses:
– António Lobo Antunes foi o vencedor da 16.ª edição do Prémio Literário Fundação Inês de Castro pela obra O Tamanho do Mundo (notícia);
– Alice Vieira venceu o Prémio ibero-americano de literatura infantil e juvenil (notícia).
1. O português é sempre mencionado como uma das dez línguas mais faladas no mundo, e na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em agosto de 2023, em São Tomé e Príncipe, o presidente do Brasil, Lula da Silva frisou que «era tempo de o português ser língua oficial das Nações Unidas e os países deveriam, em conjunto, desenvolver esforços nesse sentido» – assinala Ana Paula Laborinho, diretora em Portugal da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), em artigo publicado no Diário de Notícias de 27/09/2023. Na rubrica Lusofonias, transcreve-se com a devida vénia este texto, no qual a autora comenta o regresso do Brasil à cena internacional e sublinha o futuro que o português pode ter na definição de uma estratégia geopolítica no seio da CPLP.
À volta do nome Brasil, leia-se um estudo de Onésimo Teotónio Almeida intitulado "De 'Ilha da Vera Cruz' a “Brasil” – revisitação à origem do nome" (Antíteses, Londrina, v.15, nov. 2022, p.321-340). Sobre a identidade brasileira, registe-se "Identidade brasileira é quase indecifrável aos estrangeiros, diz Valter Hugo Mãe" (Exame, 27/09/2023). Finalmente, a respeito do português no século XVI, ou seja, na época em que começou a colonização do Brasil, sugere-se a leitura de "O léxico patrimonial no quinhentismo português", um importante trabalho de Fernando Venâncio (comunicação ao IV Congresso Internacional de Linguística Histórica, Universidade de Lisboa, Julho de 2017).
2. Retoma-se nestas páginas o tema do discurso inclusivo e das diferentes estratégias adotadas para inscrever a defesa de direitos em diferentes línguas, entre elas, o português. Em Montra de Livros, apresenta-se No Meu Bairro, um livro que, entre outros motivos de interesse, tem o de pôr em prática o chamado «sistema gramatical neutro ELU», o qual consiste em substituir vários morfemas flexionais por outros. Nas Controvérsias, divulga-se, devidamente atribuído, o texto "Bom dia a todos e todas", uma reflexão que o gramático brasileiro Fernando Pestana incluiu no mural Língua Tradição (Facebook, 25/09/2023) e na qual considera que quem profere a saudação «bom dia a todos!» não tem de ser tachado de machista ou não inclusivo.
3. De integração fala-se também na rubrica Ensino, a propósito da situação da disciplina de Português Língua Não Materna (PLNM) nas escolas portuguesas. A consultora Inês Gama propõe um diagnóstico dos desafios e das dificuldades que o PLNM enfrenta no sistema de ensino de Portugal.
4. O inglês impõe-se como língua hegemónica, e a linguagem publicitária é instrumento dessa interferência noutras línguas. No Pelourinho, perante a profusão de palavras e frases anglo-saxónicas nos anúncios feitos e exibidos em Portugal, a consultora Sara Mourato tece críticas e interroga-se: será a língua inglesa obrigatória na publicidade?
5. Não poderá «iremos poder contar» ser uma maneira complicada de dizer simplesmente «contaremos»? Não propriamente, porque os auxiliares poder e ir marcam valores ausentes em contaremos. Esta resposta e outras oito constituem a presente atualização do Consultório, onde se apresentam as seguintes questões: o coletivo equipa pode ter nosso como possessivo? A expressão «tudo de bom» é incorreta? A palavra trás é um advérbio? Porque se hifeniza paterno-filial? Qual é a pronúncia correta de saem e caem? Numa frase entre aspas, o ponto fica dentro ou fora das aspas? Para designar certo gigante mitológico, o nome correto é Tífon ou Tifeu? Como se analisa a frase «pesa-me dos dissabores que lhe causei»?
6. Nas Diversidades, um apelo de Aníbal Fernandes, membro do Movimento Cultural da Terra de Miranda, para que o mirandês seja reconhecido em Portugal no quadro da Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias. Texto transcrito, com a devida vénia, do jornal Público de 29/09/2023, conforme a publicação original, em língua mirandesa.
7. Quanto a atividades académicas que tomam o português e as línguas em geral como objeto de estudo, uma chamada de atenção para o ciclo de conferências que a linguista Olga Ivanova, da Universidade de Salamanca, profere nos dias 2, 3 e 6 de outubro, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. As sessões são organizadas pelo CELGA-ILTEC e pelos grupos do 2º ciclo em Português como Língua Segunda e Língua Estrangeira e 3.º ciclo em Linguística do Português.
8. Relativamente aos três programas sobre língua portuguesa na rádio pública de Portugal:
– Em Língua de Todos, programa difundido na RDP África, na sexta-feira, 29/09/2023 às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), conversa-se com os professores Célia Barbeiro e Luís Barbeiro do CELGA-ILTEC (Universidade de Coimbra) sobre "As escolhas na reescrita conjunta: orientação e apreciação pelo professor das propostas dos alunos", uma comunicação feita no âmbito do 3.º Encontro Nacional do Discurso Académico (ENDA 3).
– Em Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 01/10/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 07/10/2023 às 15h30*), a professora Micaela Aguilar (Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho) responde a questões a respeito das perspetivas que a Inteligência Artificial e as ferramentas digitais abrem à produção de texto académico. Ainda neste programa, um apontamento da professora Carla Marques sobre o processo de prefixação das palavras irracional e indispensável.
– Os problemas de comunicação que um viajante enfrenta preenchem, de 2 a 6 de outubro, as emissões do programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (de segunda a sexta-feira, às 09h50* às 18h50*). O convidado é Gonçalo Cadilhe, conhecido autor português de vários livros de viagens.
*Hora oficial de Portugal continental.
1. O livro infantil No Meu Bairro, de Lúcia Vicente, ilustrado por Tiago M. (ed. Nuvem de Letras) saiu recentemente a público. Na sessão do seu lançamento, um grupo de pessoas manifestou-se, de forma ruidosa e por vezes agressiva, contra a publicação, os seus valores e até o código de escrita adotado, evidenciando comportamentos considerados uma violação da liberdade de expressão. O ruidoso prototesto de extremistas de direita, que se repetiu quatro dias depois na presentação do livro na Fundação Saramago, visou a linguagem gramaticalmente neutra adoptada pelos autores, o sistema ELU. Este sistema traduz-se num conjunto de propostas que visam a adaptação da linguagem a uma forma de comunicação não sexista, que respeita as pessoas não-binárias, contribuindo para a diminuição dos comportamentos discriminatórios. Tal é feito por meio da procura de formas neutras que não marquem o género, nem masculino nem feminino. Neste quadro, propõe-se a substituição dos pronomes ele(s)/ela(s) pelo pronome neutro "elu(s)", palavra criada para este fim. Entre as "novas regras", sugere-se que a flexão em género dos nomes e adjetivos seja marcada pelo sufixo -e, substituindo palavras como menino/menina por "menine". No quadro das exceções, as palavras que terminam em -co/-ca, passarão a ter a terminação -que (médico/médica → "médique"); as terminações -go/-ga passam a -gue (amigo/amiga → "amigue"); as terminações em -r/-ra passam a -re (professor/professora → "professore"). Por fim, a flexão no plural faz-se com o sufixo -es: pedreiros/pedreiras → "pedreires". Esta proposta é, pelo menos neste momento, marginal em Portugal (ao contrário, por exemplo, do Brasil, onde já se discute se a linguagem neutra deve ser usada nas escolas) e tem sido recebida com muitas reservas por vários setores da sociedade. Não deixa de ser certo que a cortesia de género tem vindo a instalar-se nas diferentes variantes do português. É atualmente frequente ouvir-se como saudação inicial a formulação «Bom dia a todas e todos». A proposta de linguagem neutra entra também em conflito com visões que recusam que o uso do masculino gramatical seja associado a uma posição ideológica que sustenta uma perspetiva sexista da sociedade.
O Ciberdúvidas tem vindo a acompanhar a evolução das propostas e reações relativamente à questão da linguagem inclusiva. Recordamos aqui alguns textos já divulgados: «Linguagem neutra, estilo, morfologia», «O equívoco do termo «linguagem neutra», «Linguagem inclusiva: «os/as trabalhadores/as»» , «Afinal o que é a linguagem inclusiva?».
2. Serão as expressões «ataque cibernético» e «ataque cibernáutico» ambas válidas? A reflexão de natureza lexicográfica e morfológica abre o Consultório na atualização de hoje. Poderão ainda ser consultadas sete novas respostas: «A grafia de uma no passado», «Contração e complemento do nome: «mãe da Cátia», «Os significados de ler e a sinestesia», «Entreter e entretanto», «Figuras de estilo numa frase do Novo Testamento (1 Coríntios, 13, 1)», «Orçador e orçamentista» e «A função do advérbio até numa frase».
3. A polissemia do verbo contrair com os seus valores positivos e negativos é explorada no apontamento de Sara Mourato, colaboradora do Ciberdúvidas, onde se parte do significado de «contrair matrimónio» para outros usos do verbo.
4. A identificação da expressão correta para designar o dia em que o trabalhador está autorizado a não comparecer ao trabalho está na base do apontamento da professora Carla Marques: «Tolerância de ponto» ou «tolerância de ponte»?» (divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2).
5. A situação linguística da Guiné-Bissau e a realidade do seu sistema de ensino abrem caminho à análise da professora universitária e linguista Margarita Correia (artigo publicado no Diário de Notícias e aqui divulgado com a devida vénia).
6. Estão abertas as inscrições para o curso Aprendizagem e Ensino do Português Língua Não Materna, promovido pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na modalidade de ensino a distância (mais informações aqui).
1. Em Lisboa e noutras cidades de Portugal, a presença da língua inglesa é uma constante em textos promocionais, nos nomes de estabelecimentos comerciais e até em iniciativas culturais. Junta-se a pressão do turismo massificado a fazer da anglofonia, correta e incorreta, o veículo de comunicação de todos, empurrando o português para um papel secundário na vida económica do país. Fica igualmente a impressão de numerosos modismos anglo-saxónicos se enraizarem entre os mais novos, a ponto de a campanha publicitária de uma escola de inglês brincar com a situação, num estranho bilinguismo: «Mãe, no need to freak out. Se não está nos files, está na cloud. Já checkaste?» (ou seja, «Mãe, não percas a cabeça. Se não está nos ficheiros, está na nuvem. Já verificaste?»). A propósito deste tema, transcreve-se com a devida vénia, no Pelourinho, a crónica que o escritor e editor Francisco José Viegas assinou no Correio da Manhã em 19 setembro 2023, a criticar os excessos anglicistas numa nova área comercial e cultural da freguesia lisboeta de Marvila.
Na foto, a promoção da nova imagem que a Rádio Comercial apresentou em setembro de 2023 (fonte: Meios e Publicidade, 11/09/2022). Os vocábulos ingleses mood e look significam «estado de espírito, humor» e «aparência, estilo, visual», respetivamente (cf. Dicionário Infopédia Inglês-Português).
2. Não é só o inglês a lançar desafios linguísticos sérios em Portugal. Na rubrica Ensino, a consultora Inês Gama dá conta de um conjunto de reflexões acerca do impacto da presente diversidade linguística da população escolar no ensino em português.
3. A locução «pelo menos» significa geralmente «no mínimo», mas, numa frase como «o temporal causou estragos, pelo menos, em 15 localidades», não manifestará o enunciador também alguma tristeza por não ter havido mais destruição? A questão encontra-se no Consultório e soma-se a sete outras perguntas: «estar de calções» é expressão correta? Como associar «grande parte de» e toda ao nome história na mesma frase? Que nome se dá ao autor de arte sequencial? Diz-se «o envolvimento político das pessoas torna-as cidadãs» ou «torna-as cidadãos»? Qual a diferença entre os verbos falar, recitar e declamar? Como analisar e classificar uma oração como «quando comparada com os colegas»? E como pontuar a interrogativa «e não é que funcionou»?
4. O ponto de interrogação e o ponto de exclamação invertidos são características bem salientes da escrita da língua espanhola, por exemplo, em expressões facilmente interpretáveis por falantes portugueses: ¿Cómo?, ¡Genial! Na rubrica Controvérsias, divulga-se a defesa que o jornalista Jorge Morais faz do uso do ponto de interrogação invertido também em português – nuna transcricaçáo com a devida vénia do rigina publicados semanário Tal&Qual, de 13 a 19/09/2023.
5. Dois registos da atualidade respeitante às relações culturais e políticas entre os diferentes países de língua oficial portuguesa:
– Os estudantes angolanos do ensino superior ficaram isentos de agendar previamente o visto para Portugal (ver Angola 24 Horas, 20/09/2023).
– Realizou-se em São Paulo, em 18 e 19/09/2023, o 1.º Fórum Lusófono de Governação da Internet. Temas discutidos: a língua portuguesa na Internet; os desafios e oportunidades do idioma comum na inteligência artificial; a poesia e literatura em língua portuguesa na Internet; as iniciativas em português na capacitação em competências digitais e na governação da internet (ver mural do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, em 21/09/2023).
6. No panorama internacional, relevo para a língua galega, que, desde 19/09/2023, pode fazer-se ouvir no Congresso de Deputados espanhol, a par do basco e do catalão. O Governo espanhol levou também ao Conselho da União Europeia um pedido de reconhecimento do basco, catalão e galego como línguas oficiais nas instituições comunitárias. Foi, no entanto, adiada uma decisão europeia por haver dúvidas (ver Expresso, 19/09/2023; ver ainda o artigo de opinião de Pere Aragonès, "Falar catalão na Europa", no Público, em 18/09/2023).
7. Uma chamada de atenção para três programas dedicados à língua portuguesa na rádio pública de Portugal:
– O trabalho “Uma reflexão sobre os problemas que os estudantes apresentam na escrita académica quando chegam ao mestrado”, apresentado no do 3.º Encontro Nacional sobre Discurso Académico (ENDA 3), realizado em 7 e 8 de setembro, em Lisboa, é o tema de uma entrevista às professoras e investigadoras Mariana Pinto (Escola Superior de Educação de Setúbal) e Inês Cardoso (Escola Superior de Educação de Santarém), transmitida em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 22/09/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 9h00*).
– No programa Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 23/09/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 30/09/2023, às 15h30*), convidam-se os professores Célia Barbeiro e Luís Barbeiro, investigadores do CELGA-ILTEC (Universidade de Coimbra), para falar acerca do projeto didático apresentado em "As escolhas na reescrita conjunta: orientação e apreciação pelo professor das propostas dos alunos", uma comunicação também feita no âmbito do ENDA 3.
– Refira-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (de segunda a sexta, às 9h50* e às 18h50*) e que, de 25 a 29 de setembro, é dedicado ao tema da linguagem dos pequenos impostos que existiram ao longo do século XX.
*Hora oficial de Portugal continental.
1. A língua é um instrumento de comunicação que se deixa impregnar pela natureza social, cultural e regional dos seus falantes. Esta versatilidade do sistema linguístico justifica as variedades que coexistem no mesmo tempo e espaço. Entre elas observa-se um fenómeno que tem uma enorme dinâmica: a gíria juvenil. É sabido que as inovações linguísticas têm frequentemente origem na linguagem juvenil. Não obstante, não deixa de ser verdade que nela encontramos palavras ou estruturas que têm um período de vigência que acaba por ser efémero. Não é fácil determinar o que justifica os dois fenómenos, mas ele é observável no contraste entre palavras como bué (termo que permaneceu e que se encontra dicionarizado) e "tótil" (palavra usada com significado equivalente ao da anterior, mas que quase desapareceu). Entre as palavras e estruturas com vitalidade na linguagem juvenil atual, para além do recurso frequente ao inglês, visível em usos como «bué da "nice"» ou "ganda fail", podemos sinalizar expressões como «"tasse" bem», «"tá" tudo bem», «isso (não) é a minha cena» ou «a todo o gás». Entre as palavras mais usadas, podemos apontar o recurso frequente a modismos como tipo ou imagina, que são mobilizados pelos jovens como bordões, que abrem, intercalam ou fecham o discurso, em enunciados como «Imagina, podíamos sair» ou «Tipo, ele chegou a casa eram tipo 8 horas». Este mesmo fenómeno foi observado pelo cronista e humorista Ricardo Araújo Pereira, que o analisa com tom humorístico na sua crónica intitulada «Tipo imagina», que aqui transcrevemos com a devida vénia.
No Ciberdúvidas, podem ser consultados diversos textos relacionados com o tema dos modismos: «Modismos da língua portuguesa (descartar, imperdível, torcida)», «A era do "eu diria que..."», «Os modismos "dizer que", "observar que", "acrescentar que"», «Ainda o modismo "É suposto..."», «O modismo expectável».
2. A questão sobre quais as preposições que o verbo distinguir pode reger abre as atualizações do Consultório, onde se podem também consultar as respostas às seguintes questões: Existe licença poética fora da literatura? O nome metralhamento é aceitável? Qual a diferença entre as expressões modus operandi e modus faciendi? Quais as regras de colocação do clítico com o advérbio após? Qual a origem da expressão «à babuja»?
3. Os pronomes demonstrativos isto, isso, aquilo estabelecem com os pronomes átonos algum tipo de relação sintática que exige a colocação destas palavras em posição proclítica? No seu apontamento divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2, a professora Carla Marques analisa esta questão.
4. A expressão «bala de prata» apresentada como metáfora com valor de "solução quase mágica para resolver algum tipo de problema" tem sido usada no discurso mediático em diversas ocasiões, embora nem sempre com total adequação. Esta é a posição de Paulo J. S. Barata, consultor do Ciberdúvidas, desenvolvida no apontamento «A "bala de prata" que mata os "problemas da habitação"?!...».
5. O mirandês foi reconhecido como segunda língua oficial em Portugal há mais de 25 anos. Todavia, o povo de Miranda do Douro aguarda agora que a Assembleia da República ratifique a Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias do Conselho da Europa, um documento que permitirá a implementação de um conjunto de medidas para a proteção e ensino de uma língua que se encontra ameaçada de extinção. No jornal Público, foi feito o ponto da situação num artigo aqui partilhado com a devida vénia.
6. Divulgamos, para finalizar, a crónica do contista Fernando Évora, onde este ficciona o momento da criação dos adjetivos por Adão e Eva (partilhada com a devida vénia).
1. A catástrofe que se abateu sobre a Líbia, incluindo a devastação da cidade de Derna, tem claro destaque nas notícias. Referir a cidadania da Líbia não oferece dificuldade especial, pois o gentílico respetivo dispensa a junção de sufixos derivacionais como -ês ou -ano, que estão entre os mais correntes (chinês, angolano). Na verdade, basta empregar as formas líbia e líbio, um par em que a forma do género feminino é homónima do nome do país, e a forma do masculino se obtém por simples substituição dos índices temáticos (-a por -o). Na Lista dos Estados, territórios e moedas do Código de Redação Interinstituicional para uso do português na União Europeia, pertencem a este tipo os gentílicos de vários outros países: Argentina, Arménia, Eritreia*, Estónia, Indonésia, Macedónia (do Norte), Síria e Suíça. Contam-se ainda os casos de Filipinas e Maldivas, cujos gentílicos perdem o -s final nas formas de singular – filipina/filipino e maldiva/maldivo, respetivamente –, bem como o da República Dominicana, cujo gentílico é igual ao constituinte adjetival do topónimo: dominicana/dominicano. Finalmente, mencione-se a Bósnia-Herzegovina, cujos cidadãos podem ser referidos pelo termo bósnia/bósnio. Muitos mais exemplos haverá a mencionar estendendo a pesquisa a regiões e estados antigos ou territórios sem autonomia política: ática, ático (Ática, Grécia), úmbria, úmbrio (Úmbria, Itália), abissínia/abissínio (Abissínia, atual Etiópia), trácia/trácia (Trácia, hoje dividida entre a Grécia, a Turquia e a Bulgária).
* Neste caso, o feminino tem a mesma forma, mas o masculino eritreu parece fugir ao padrão de formação do masculino.
2. A propósito ainda do sismo ocorrido no sul de Marrocos em 8 de setembro p.p., lamenta-se que se ouçam ou leiam novamente frases como «[a prioridade é] a manutenção das vias de comunicação [...] para se poder transportar os bens essenciais e evacuar as populações» (cf. "Nenhum país está preparado a 100% para responder a uma catástrofe como a de Marrocos", Diário de Notícias, 13/09/2023; consultado em 15/09/2023). Como tem sido sublinhado nestas páginas, o verbo evacuar, na aceção de «esvaziar», só pode referir-se a espaços ou lugares. Diga-se e escreva-se, portanto, «... para evacuar aldeias/vilas/cidades/localidades».
3. Outra palavra da atualidade, recorrente na cobertura noticiosa da guerra russo-ucraniana, é drone, cuja pronúncia é descrita no Consultório. A atualização integra mais nove respostas a respeito de outros tantos tópicos: a regência de compulsão, uma oração relativa introduzida por quando, os usos de abada e de contracenante, os diminutivos de aventureiro, o nome Barba-Azul, a concordância com a expressão «número de...», o verbo estampar e a locução verbal «vai andando».
4. Num plano não menos conflituoso, fala-se do anglicismo woke, frequente nas colunas de opinião da comunicação social. Nas Controvérsias, um apontamento de Sara Mourato dá conta da dicionarização do estrangeirismo, a qual, até à data, parece limitada a um único dicionário em Portugal.
5. Acerca do ensino das literaturas de língua portuguesa, apresenta-se em Montra de Livros o número especial da revista PLCS 38/39 (Portuguese Literary & Cultural Studies, Tagus Press, Universidade de Massachusetts Dartmouth).
6. Em Portugal, a abertura do ano letivo nos ensinos básico e secundário traz novamente para a ribalta informativa ações e preocupações no setor da educação. Notícias e trabalhos jornalísticos assinalados nos Destaques dos últimos dias (ver mais abaixo): "Próximo ano letivo arranca com mais salas e onze novas escolas" (Jornal de Notícias – JN, 07/09); "Professores obrigados a viver em quartos alugados em condições indignas" (Diário de Notícias – DN, 10/09); "Fenprof diz que mais de 100 mil alunos estariam sem aulas se arrancassem hoje" (DN, 11/09); "Manuais do 3.º e 4.º anos deixam de ser reutilizados" (JN, 14/09). Problema generalizado mundialmente é o analisado em "Escola: a luta inglória contra o celular" (Outras Mídias, 14/09).
7. Dois registos que envolvem criadores de língua portuguesa:
– O Guiões – Festival do Roteiro de Língua Portuguesa, dedicado à escrita de argumentos fílmicos em português, realiza-se em Lisboa até 17 de setembro;
– O músico e poeta Caetano Veloso foi condecorado em Lisboa com a Medalha de Mérito Cultural de Portugal. Pormenores sobre a cerimónia aqui.
8. Refiram-se ainda os temas principais de três dos programas dedicados ao português na rádio pública de Portugal:
– a expressão «bicos de rouxinóis», que figura no poema "O Falso Mendigo", de Vinicius de Moraes, e a utilização da vírgula em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 15/09/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*);
– em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 17 de setembro, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 23 de setembro, às 15h30*), a futura formação de professores no domínio da escrita conforme foi discutida no 3.º Encontro Nacional sobre Discurso Académico, que decorreu em Lisboa em 7 e 8 de setembro;
– e a linguagem da alimentação e o seu cruzamento com o território, nas emissões de 18 a 22 de setembro do programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50).
1. O grave sismo ocorrido em Marrocos traz para a atualidade todas as palavras envolvidas neste campo lexical, algumas das quais pedem esclarecimentos para que os seus usos sejam ajustados. Assim sismo, terramoto (forma preferida no português europeu) e terremoto (forma preferencial no português do Brasil e termo mais antigo do que o anterior) são palavras sinónimas que designam o movimento na superfície terrestre desencadeado por uma libertação súbita de energia. Este fenómeno convoca também a noção de quantidade de energia libertada, que é referida por meio do termo magnitude, usado para expressar a ideia da intensidade do sismo. O local onde a intensidade do abalo é máxima designa-se epicentro. Normalmente, um sismo é seguido de uma ou mais réplicas, termo que descreve a oscilação da crusta terrestre após o sismo inicial, fenómeno que tende a ser menos violento. Na avaliação do sucedido – assim como no que aconteceu posteriormente na parte oriental da Libia, com os efeitos devastadores do furacão Daniel –, voltámos a encontrar expressões como «crise humanitária» ou «catástrofe humanitária», que, como já foi sublinhado noutras ocasiões, deveriam ser substituídas por «crise humana» ou «catástrofe humana», que seriam mais coerentes, pois o adjetivo humanitário significa «em prol da humanidade». Ao contrário, as expressões «assistência humanitária» ou «ajuda humanitária» são aceitáveis neste contexto.
Cf. textos divulgados sobre este assunto: «Humanitário?», «Errar é humanitário?», «Quando é que um drama pode ser humanitário?», «Humanitário e humano», ««Crise humanitária», expressão válida?», «Como é que uma tragédia pode ser humanitária?!», «Caos "humanitário"?!», «Ainda propósito de humanitário».
2. No regresso após as férias, abrimos o Consultório com uma dúvida relacionada com a procura de uma expressão correta para fechar um e-mail. Face à possiblidade de decalque da expressão inglesa "I hope to hear from you soon", propõe-se uma estrutura mais natural em língua portuguesa. A esta questão vêm juntar-se três de âmbito lexical («Geronto e idoso», «A origem do nome próprio Job (ou Jó)» e «A palavra relho») e duas de natureza sintática («Colocação pronominal numa oração introduzida por como», «Para + infinitivo: «paramos para nos olharmos»»). Finaliza-se a atualização com uma questão relacionada com o uso de maiúsculas na publicidade.
3. A professora Carla Marques retoma os seus apontamentos relacionados com dúvidas de natureza gramatical, apresentado no programa Páginas de Português, na Antena 2. Desta feita, trata uma dúvida relacionada com a classe da palavra de na frase «Está na hora de descansar», cuja explicação aqui se partilha.
4. Na Montra de Livros apresenta-se a publicação de autoria de Analita Santos, intitulada Erros de Português nunca mais, com a chancela da Manuscrito, na qual a autora apresenta um conjunto de propostas para ultrapassar algumas dificuldades do português.
5. O facto de Droupadi Murmu, presidente da Índia, ter assinado um convite como «presidente do Bharat» abriu uma polémica relacionada com as intenções políticas na base da seleção toponímica na Índia. Esta é uma situação que a professora universitária Margarita Correia analisa do ponto de vista linguístico no seu artigo publicado no Diário de Notícias e aqui partilhado com a devida vénia.
6. A forma como os brasileiros assumem e desculpam os erros de uso do português leva o linguista Aldo Bizzocchi a adotar uma posição muito crítica relativamente ao que ele designa de «jeitinho brasileiro», um problema que, na sua ótica, precisa de ser encarado com toda a seriedade (texto divulgado em Diário de um linguista, blogue do autor, aqui transcrito com a devida vénia).
7. Entre os acontecimentos de relevo, destacamos o centenário do nascimento de Natália Correia, celebrado em 13 de setembro. A poetisa açoriana, que nos deixou uma obra marcada pela criatividade, coragem e ousadia, descreveu desta forma o seu próprio nascimento:
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1. O Ciberdúvidas volta à plena atividade no próximo dia 12 de setembro, com atualizações regulares às terças e sextas, não só no Consultório, mas também nas demais rubricas do Ciberdúvidas (aqui, aqui e aqui). Até lá, como sempre, ficam ao dispor, para consulta, todos os conteúdos em arquivo. Não obstante a pausa que chega agora ao fim, observe-se que, ao longo deste período, foram disponibilizados vários conteúdos, nas seguintes rubricas:
– Acordo Ortográfico: "Acordo Ortográfico..." (28/07); "Voltámos à 'recepção'?..." (01/09).
– Controvérsias: "Afinal o que é a linguagem inclusiva?" (03/07); "Como a linguagem neutra virou guerra cultural no Brasil" (08/07); "O português de Portugal está em risco?" (21/07);
– Literatura: "Obscenidades e terapia em 'vidas cantadas'" (23/06); "Palavras nómadas" (30/06); "Os anjos não morrem..." (03/07).
– Lusofonias: "Mambos da Nguimbi..." (18/06); "É inadiável um pacto de regime para a língua portuguesa em Timor-Leste" (30/06).
– O Nosso Idioma: "Má sorte ter nascido em Portugal" (19/06); "A palavra mesmo" (20/06); "O sujeito da prosa poética" (27/06); "O forró..." (27/06); "A classe de palavras de insular" (04/07); "A pluralização dos nomes próprios" (06/07); "Estamos a dar mais erros de português?" (10/07); "O hipocorístico de Beatriz" (11/07); "'O meu computador está bugado'" (18/07); "Senha e signo" (18/06); "O português como língua de herança" (21/07); "Classe de palavras de 'cerca de'" (25/07); "Politicólogo e politólogo" (25/07); "Da alva ao camauro" (28/07); "Deixa de andar na Lua..." (28/08); "O fim da escrita manual" (31/7); "O grande carrossel da linguagem inclusiva" (21/08); "O choque de palavras na faculdade" (08/09); "Espera, expectativa e esperança" (08/09).
– Pelourinho: "Um regalo para os olhos..." (01/08); "A continuada resistência ao género feminino" (29/08).
– Diversidades: "Conhecimento de línguas..." (27/06); "As imagens e os fantasmas" (30/06/2023); "Unidas pela língua portuguesa" (14/08); "O ensino das línguas nacionais..." (21/08); "Filipinas..." (28/08); "O filipino..." (28/08).
– Montra de Livros: Revista Entreletras (07/07); Teoria Discursiva em Diálogo (12/07); Aprender Português com Poesia (27/07).
– A covid-19 na língua: "Arcturus XBB.1.16."; "Eris" ; "Nevoeiro cerebral".
Como é hábito, fez-se também registo nas Notícias de acontecimentos e iniciativas motivados pela língua portuguesa.
Na imagem, Paisagem com casario (1916), do pintor português José Malhoa (1855-1933).
2. Quanto a três dos programas que, na rádio pública de Portugal, são dedicados a temas do português, fica a informação sobre os respetivos dias e horas de emissão:
– Língua de Todos, difundido na RDP África, às sextas-feiras,às 13h20* (repetido no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 09h00*);
– Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, aos domingo, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, às 15h30*)
– e Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*).
Pormenores nas Notícias, sobre os conteúdos destes programas.
*Hora oficial de Portugal continental.
3. E, enquanto se prepara o regresso, um poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987):
Recomendação
Neste botânico setembro,
que pelo menos você plante
com eufórica
emoção ecológica
num pote de plástico
uma flor de retórica.
(in Discurso de Primavera e Algumas Sombras, 1977)
N. E. – O primeiro ponto desta Abertura foi atualizado em 08/09/2023, com a referência a dois conteúdos da rubrica O Nosso Idioma, adicionados na mesma data.
1. Em Portugal, como noutros países do hemisfério norte, vem o verão e as atividades letivas chegam ao seu termo. Como é hábito, seguindo o calendário escolar, é tempo de balanços também neste espaço, o que justifica uma pausa (ver último ponto desta abertura), para avaliar o caminho aberto ao longo de mais duas décadas e o muito que há para fazer. Os dados apresentados a seguir são elucidativos:
Respostas publicadas no Consultório: 35 000
Respostas dadas em consultas privadas, desde 2007 (não publicadas*): 60 000
Total de visualizações, desde 10/06/2015**: 156 666 904
Total de utilizadores, desde 10/06/2015**: 91 204 548
Total de visualizações entre 14/05/2023 e 14/06/2023: 1 524 496
Total de utilizadores entre 14/05/2023 e 14/06/2023: 1 019 924
Origem dos utilizadores (de 10/06/2015 a 14/06/2023): 57 717 921 – Brasil (63,02%); 23 547 842 – Portugal (25,71%)
Textos divulgados na rubrica Na 1.ª Pessoa: 4000
Textos divulgados na Montra de Livros: 350
Os números falam por si, mas acrescente-se que refletem bem o trabalho exigente e a responsabilidade decorrentes da confiança que todos os que querem saber sempre mais acerca do idioma oficial dos oito países iusófonos depositam no projeto desenvolvido nestas páginas. Beneficiando de um serviço que, desde os seus 26 anos de existência, é de acesso universal e gratuito, são muitas as pessoas que o procuram diariamente para consultas ou para comentários suscitados pelos mais variados temas da língua que lhes é comum. Estes consulentes encontram-se maioritariamente no Brasil e em Portugal, mas também noutros países de língua oficial portuguesa e até em regiões e Estados onde o português se transmite em comunidades mais restritas ou se estuda como língua estrangeira em qualquer recanto do mundo. Apesar dos muitos constrangimentos, principalmente logísticos, financeiros e técnicos, a experiência com os consulentes é sempre estimulante e reforçada por palavras calorosas de apreço e incentivo. Esta adesão é, pois, de molde a concluir que, sem dúvida nenhuma, vale a pena a intensa atividade aqui testemunhada pelos milhares de respostas e outros artigos disponíveis nas diferentes rubricas do Ciberdúvidas e pela totalidade de visitantes e de consultas, contabilizados na ordem dos milhões.
* São na sua maioria perguntas cujo conteúdo já tinha resposta anterior em arquivo.
** Os números apresentados dizem respeito apenas aos nove últimos anos de funcionamento do Ciberdúvidas, pois, na sequência de uma mudança de servidor, não é atualmente possível ter um registo completo relativo aos mais de 26 anos de atividade do portal.
2. No Consultório, atualizado com seis perguntas, retoma-se o tema dos pleonasmos viciosos: será que a expressão «incidente imprevisto» é um caso desses? Incluem-se ainda esclarecimentos a respeito dos usos de «isso mesmo» e «de sempre», bem como acerca dos significados «de permeio» e «pôr sal na moleira». Regista-se igualmente uma curiosa expressão brejeira, «mandar o Bernardo às compras». Finalmente, analisa-se um pormenor na grafia do nome de um partido português: Partido Social-Democrata, que ora apresenta hífen, ora o omite.
3. Junho é, em Portugal e noutros países, um mês de festas populares, em que reina a música. A propósito de um instrumento bastante presente em bailes e canções populares, a consultora Sara Mourato tece algumas considerações sobre a origem e as variantes da palavra acordeão, em O Nosso Idioma. Nesta rubrica, espaço ainda para outro apontamento sobre a história de palavras, intitulado "A origem de livro" e da autoria do professor universitário e tradutor português Marco Neves.
4. Sendo o país com maior número de falantes de português, o Brasil afirmou desde cedo a sua personalidade linguística, pelo que importa considerar as múltiplas publicações sobre o desenvolvimento do português brasileiro. Na Montra de Livros, apresenta-se uma nova síntese não isenta de teses inovadoras: trata-se de Latim em Pó, um livro de 2023, do linguista e escritor brasileiro Caetano W. Galindo.
5. Serão o Brasil e Portugal dois países separados pela mesma língua? Nas Controvérsias, partilha-se com a devida vénia um artigo do jornalista português Nuno Pacheco à volta dos equívocos da publicação de um livro infantil brasileiro em Portugal.
6. Temas principais de três dos programas dedicados à língua portuguesa na rádio pública portuguesa:
– As diferenças entre o discurso académico e discurso científico, em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 16/06/2023, 13h20*).
– O congresso internacional Ensino, Formação e Investigação, (Lisboa, de 19 a 21 de junho 2023), em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 17/06/12h30*.
– As novas palavras no mundo da energia, nas emissões de 19 a 23 de junho do programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50).
* Hora oficial de Portugal continental.
7. Como anunciado no primeiro ponto desta abertura, a partir de 16 de junho de 2023, faz-se uma pausa nas atualizações regulares do Ciberdúvidas, estando o regresso à atividade normal previsto para setembro. Entretanto, fica inativo o formulário para envio de perguntas ao Consultório, muito embora, nas demais rubricas, caso o interesse do tema ou a atualidade o justifiquem, poderão ser pontualmente colocados novos conteúdos, cuja publicação será assinalada nos Destaques e nas redes sociais. Como sempre, mantém-se a consulta livre de todo o vasto arquivo do Ciberdúvidas.
A todos os nossos consulentes, ótimas leituras!
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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