1. Portugal vive, uma vez mais, o flagelo dos incêndios. Com boa parte das zonas norte e centro em chamas, Proteção Civil, comunicação social, bombeiros e a própria população ativam o léxico relacionado com os incêndios. Ouvem-se termos e expressões como «frente ativa», projeções, evacuação, deflagrar, alastrar, mobilização, «meios terrestres e aéreos», um conjunto de palavras que constituem o campo lexical do combate aos incêndios florestais e cujo glossário pode ser consultado aqui. A este propósito, recordamos que a palavra incêndio vem do latim incendium («fogo, calamidade»), nome que se formou de incendĕre, verbo resultante da junção do prefixo in- a uma variante do verbo candēre, que reúne significados como «estar inflamado», «queimar» ou «ser alvo, branco como a neve». A curiosa ligação de sentidos entre chama e brancura virá da cor da brasa, que, quando inflamada, fica quase branca. Este verbo latino é da família de palavras como candeia, candelabro, cândido e até candidato, termo que, na sua origem, designava aquele que vestia a toga branca para exercer um cargo público.
2. O Consultório do Ciberdúvidas regressa com as respostas elaboradas pelos seus colaboradores. Entre as várias áreas envolvidas na presente atualização, encontram-se a etimologia e a lexicologia: «O apelido e topónimo Mourão», «O nome mana», «Os adjetivos arbitrário e discricionário», «A redundância «dar o aval positivo»», «Septologia e heptalogia», «A expressão «dar de amar»» e «Torce e destorce». Registamos também respostas na área da sintaxe: «Demorar e adjunto adverbial: «Demora-se meses»», «A locução «através de»», e «A construção concessiva «por mais» com adjetivo».
3. A confusão entre as expressões «ao encontro de» e «de encontro a» gera, como apreciável frequência, enunciados que descrevem uma situação distinta daquela que estava na ideia do locutor. Retomando esta questão, a consultora Inês Gama recorda, uma vez mais, as diferenças entre os dois usos (rubrica divulgada no programa Páginas de Português de 15 de setembro (Antena 2)).
4. No Pelourinho, o cofundador do Ciberdúvidas, José Mário Costa, assinala o uso da expressão incorreta «à séria» num artigo. Um tropeção na língua que parece estar a passar da oralidade para a escrita.
5. Os alunos de origem brasileira estão a entrar nas escolas portuguesas em grande número. Esta realidade tem colocado frequentemente a questão da gestão didática das variedades europeia e brasileira em convivência na sala de aula. A questão das atitudes e das medidas a adotar levanta muitas dúvidas e hesitações entre a classe docente. O consultor Fernando Pestana reflete sobre esta realidade, propondo, no seu apontamento, algumas medidas que poderiam ajudar a encontrar um ponto de equilíbrio na nova realidade das salas de aula portuguesas.
6. Há quem proponha que, para referir a língua falada no Brasil, se deva usar o termo brasileiro, em lugar de «português do Brasil». Discordando da proposta, o professor universitário José Pinto de Lima apresenta os seus argumentos para justificar por que razão considera as expressões «português do Brasil» ou «português brasileiro» preferíveis.