1. Decorre até 30 de setembro, em Nova Iorque, a 79.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, onde também interveio o primeiro-ministro português Luís Montenegro, que, insistindo na importância da língua portuguesa como língua oficial das ONU, defendeu o multilateralismo, os valores globais e a paz. Mas como será possível a pacificação num mundo repleto de experiências e interesses muitas vezes desencontrados no tempo e no espaço? Talvez pela abertura à diferença linguística e às tradições locais, como porta para a descoberta das muitas facetas da universalidade. Neste sentido parecem convergir as reflexões desenvolvidas pelo juiz Rui Carvalho Moreira (Observador, 19/09/2024) e que se transcrevem com a devida vénia em Diversidades. Lê-se nesse texto: «A língua e o Universo têm códigos, enigmas, segredos. Vislumbramos tão-só as partículas de luz que se evadem por frestas e postigos. O reflexo ilude a essência. E a essência acolhe a verdade. Na corrente do tempo e das palavras, o infinito não é um mero passageiro.»
Sobre o acrónimo ONU, recorde-se que esta forma se lê como palavra aguda: "onu" (e não "ónu"). Cf. "O acrónimo ONU" e "Como (bem) dizer ONU...".
2. A palavra raça figurou numa notícia que circulou nos media portugueses, e as críticas, justificadas, não se fizeram esperar. No Pelourinho, um apontamento do jornalista Carlos Narciso aborda este caso, no contexto do qual ocorreu outro uso discutível, o da expressão em crioulo cabo-verdiano "Marxa Kabral", em lugar de «Marcha Cabral».
3. A palavra mulato é ofensiva? Ou tornou-se ofensiva? Em O Nosso Idioma, a consultora Inês Gama dedica um apontamento a este e outros vocábulos que podem ser ativados com a intenção de insultar e ofender.
4. Na mesma rubrica, levanta-se uma questão: o que poderá ser classificado como piscinável? Como se forma este adjetivo? O comentário da consultora Sara Mourato.
5. Quando o tema é o desenvolvimento do potencial humano físico e intelectual através da tecnologia, usa-se atualmente o anglicismo biohackig. Que significa ao certo? No Consultório, encontra-se o esclarecimento deste termo, no meio de um total de seis novas respostas, que abrangem também os seguintes tópicos: o uso de «por quê» no Brasil; a pronúncia de saudável; emposta e outros regionalismos do Algarve; a etimologia de autor; e a expressão fixa «fazer de lavado».
6. Registos com atualidade e com interesse:
– de 2 a 6/10/2024, na Biblioteca Municipal de Vila do Porto (Santa Maria, Açores), o 39.º Colóquio da Lusofonia, uma iniciativa do do jornalista e escritor Chrys Chrystello, que tem como figuras homenageadas, além dos escritores Pedro Almeida Maia e Arsénio Puim, a investigadora, escritora, professora e vice-presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia Helena Chrystello, falecida em 26/01/2024.
– o trabalho "Telemóveis nas salas de aula, sim ou não?", disponível nas páginas da Fundação Francisco Manuel dos Santos (14/09/2024);
– a falta de professores que continua a fazer sentir-se nas escolas do ensino básico e secundário em Portugal, em especial no currículo transversal, incluindo a disciplina de Português (Público, 23/09/2024).
7.Quanto a três dos programas que, na rádio pública de Portugal, tratam de temas da língua portuguesa:
– Em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 27/09/2024 às 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*), os professores Paulo Nunes da Silva (Universidade Aberta), Luís Filipe Barbeiro (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria) e Fausto Caels (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria) discutem as classificações textuais e os documentos programáticos da disciplina de Português, assim como se referem aos géneros escolares e à sua aprendizagem;
– Em Páginas de Português (Antena 2, domingo, 29/09/2024, às 12h30*; repetido no sábado seguinte, 05/10/2024 às 15h30*), a professora universitária Rita Marnoto (Universidade de Coimbra) aborda Camões e a identidade literária da língua portuguesa. Nesta conversa, fala-se também sobre a contribuição de Os Lusíadas para a evolução da língua portuguesa e o papel de Camões como poeta. Ainda o apontamento gramatical da professora Carla Marques sobre a concordância.