1. Um acontecimento novo é sempre espaço fértil para a criação de neologismos, palavras novas que permitem descrever as realidades que vão surgindo. O período de campanha eleitoral em Portugal, que atualmente decorre em Portugal, tem, em consonância com esta ideia, aberto caminho à criação de novos termos. Entre eles, realçamos os que descrevem os movimentos políticos que têm origem em líderes partidários. Fala-se, assim, de "pedronunismo" (composição a partir de Pedro Nuno (Santos), secretário-geral do Partido Socialista), a que se junta o sufixo -ismo) ou de "venturismo" (formado pela junção do sufixo -ismo ao nome próprio Ventura (de André Ventura, líder do Chega). A criatividade linguística permitiu também criar o termo "farsismo", palavra usada por Rui Tavares, cabeça de lista do Livre, que resulta de uma junção das palavras fascismo e farsa. Também os cenários pós-eleitorais geram expressões particulares. Neste contexto, há quem peça uma «vitória robusta», mas fala-se sobretudo de «arranjos partidários», para descrever os acordos entre partidos políticos, ou de «acordos de incidência parlamentar», para descrever uma situação em que um partido apoia outro no parlamento. Diferente do anterior, será um «acordo de governo», que permitirá ao partido apoiante decidir sobre aspetos da governação do país e mesmo integrar a equipa ministerial. Entre as acusações que os partidos trocam, ouve-se a de «enviesamento ideológico», segundo a qual algumas medidas são tomadas apenas para não contrariar a ideologia de um dado partido. Alguns temas são considerados «elefantes na sala», o que significa que a sua força é tal que poderão destruir tudo à sua volta. Por fim, há situações em que são os próprios membros do partido que surgem como vozes dissonantes, causando problemas ao líder. E o chamado «fogo amigo». Ainda neste quadro de campanha eleitoral, a professora universitária e linguista Margarita Correia continua a analisar os programas eleitorais do ponto de vista linguístico, no artigo que aqui partilhamos com a devida vénia.
2. O jornal Público, que assinala, no dia 5 de março, 34 anos de existência, marca esta data com a designação de Maria Teresa Horta para o cargo de «diretora por um dia». O texto do jornal descreve-a usando o termo poeta, uma opção que retoma uma querela antiga relacionada com a forma feminina do substantivo. Segundo as gramáticas normativas, poeta tem como forma feminina a palavra poetisa. Não obstante, o lexema poeta tem sido usado no feminino, sobretudo desde o século XX, até por figuras destacadas na literatura como é o caso de Sophia de Mello Breyner Andresen, que assumiu uma posição contrária à de, por exemplo, Natália Correia, que sempre reivindicou o estatuto de poetisa.
Cf. "Poetisa" inferioriza? + A juíza + a aprendiza
3. Existem razões para a palavras “unbiúnio” se escrever com uma grafia que desrespeita os princípios da ortografia? A resposta a esta questão pode ser consultada na atualização do Consultório. A ela juntam-se ainda «Ajudar como verbo transitivo indireto», «Adjunto adverbial de modo e predicativo do sujeito», «O anglicismo teaser», «O nome gravaneiro», «Ordem direta e ordem inversa» e «Passiva sintética e concordância».
4. A língua portuguesa não parece ser a língua de comunicação para alguns treinadores estrangeiros de futebol que trabalham e vivem em Portugal, como assinala, na rubrica Pelourinho, José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, a propósito das opções linguísticas do treinador alemão do Benfica, Roger Schmidt.
5. Os aforismos são tradicionalmente associados ao texto literário ou ao pensamento filosófico, mas o seu alcance pode ser mais extenso, como esclarece a professora Carla Marques neste apontamento dedicado ao tema.
6. A língua portuguesa no mundo e as suas múltiplas facetas dá matéria ao artigo da jornalista Francisca Gorjão Henriques, intitulado «Que língua é esta?» (publicado no sítio da Fundação Francisco Manuel dos Santos e aqui partilhado com a devida vénia).
7. O professor de história Paulo Guinote apresenta um artigo de reflexão em torno da proposta lançada pelo Conselho Nacional de Educação relativamente à eliminação do segundo ciclo de ensino escolar, questionando a pertinência da análise que foi feita (artigo divulgado no jornal Diário de Notícias, aqui partilhado com a devida vénia).