Artigo publicado no suplemento desportivo Sport, do Correio da Manhã de sábado, 13 de Setembro de 2008, sobre a forma "paralímpico".
Não se sabe quem foi o responsável por mais uma das tais calinadas que, de repente, se espalham como a gasolina em cima do lume e toda a gente – desde jornais, televisões, rádios, ao homem da rua, políticos, intelectuais, etc. – desata a dizer e a escrever ‘Jogos Paralímpicos’ ou a falar de ‘paralímpicos’!
Ora, a grafia correcta da expressão é Jogos Paraolímpicos e os seus atletas os paraolímpicos, como paramédico, parapsicologia, paranormal, etc. Nem ‘paralímpico’ [termo importado do inglês ‘paralympics’, uma amálgama de para(plegic) + (o)lympics], nem ‘para-olímpicos’ (com hífen) são grafias da língua portuguesa. E não vou aqui desenrolar os argumentos.
Que o dislate apareça ‘reconhecido’ em documentos oficiais e seja ‘apadrinhado’ por membros do Governo, como o risonho secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, eis uma questão que me transcende. Direi, no entanto, que quando nomeou oficialmente o respectivo Comité, o Governo escreveu no Diário da República, e bem, a designação de Comité Paraolímpico Português. Como não bastasse, vai para quatro anos, o Instituto do Desporto de Portugal pediu à linguista Margarita Correia um parecer sobre a grafia correcta da expressão, o qual foi concludente – deve dizer-se e escrever-se Jogos Paraolímpicos e atletas paraolímpicos. Como acontece nas palavras em que o elemento grego ‘para’ (que exprime a ideia de proximidade) e a palavra seguinte se unem sem perder a sua integridade semântica. Mas, pelos vistos, nem com um parecer linguístico e uma portaria do Governo se evita a proliferação da calinada.
DOMINGO ‘MUITO’ DESPORTIVO
Na RTP, em tempo de dificuldades e de aperto orçamental, como se vê pela pobreza da programação da RTP 1 e da RTP 2 (esta a dar em doses duplas a reposição daquela série de lésbicas-para-recalcados-noctívagos de nome Letra L…), nota-se uma excepção. O que se passa com o repescado Domingo Desportivo, agora feito ao ar livre, cada domingo numa cidade diferente, é um ‘gastar vilanagem’. Ele são os meios, técnicos e humanos, disponíveis, os convidados, o apresentador, com viagens, estadas, etc., tudo gravitando em redor da figura central, o pivô-subdirector-que-se-demite-não-se-demite, Carlos Daniel (gostei daquela longa reportagem a promovê-lo, estilo culto da personalidade, num incrível Só Visto!). Claro que este DD de luxo começou pelo Norte, ali ao lado do Porto, passou para Braga e, pelo andar da carruagem, ainda vai em excursão até à Madeira, em nome da insularidade. Foi impressão minha, ou o poderoso Daniel já ‘trocou’ o Tadeia, de Lisboa, pelo Freitas Lobo, do Porto?
in suplemento desportivo Sport, do Correio da Manhã de sábado, 13 de Setembro 2008