1. Em Portugal, como noutros países, o mês de setembro é marcado pelo retomar de muitas atividades, e o arranque do novo ano letivo é tema obrigatório. Mas o mundo nunca para de alimentar notícias: acumulam-se tensões políticas nacionais e internacionais, a guerra na Ucrânia não cessa, os problemas ambientais também não. Entretanto, a pandemia de covid-19 parece prestes a tornar-se uma página da História, sem deixar de estar presente na atualidade, como se ilustra no glossário Covid-19 na língua, que recebe três novas entradas: Emer Cooke, diretora executiva da Agência Europeia do Medicamento (EMA) e, paradoxalmente, antiga lobista da indústria farmacêutica; a expressão «fim à vista», relativa às declarações, em 14/09/2022, de Tedros Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial de Saúde, sobre a diminuição do número de mortes causadas pela doença; e «imunidade, 95,8%», em referência ao facto de a maior parte da população residente em Portugal já ter anticorpos, segundo um relatório datado de 15/09/2022, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Do ponto de vista etimológico, a palavra imunidade vem do latim immunìtas, atis, «isenção (de impostos, de encargos), dispensa, desobrigação, imunidade» (Dicionário Houaiss). Em português, como noutras línguas, denota frequentemente o «privilégio de estar isento de algo (dever, encargo, pena) a que os outros estão sujeitos» e é sinónimo de isenção e dispensa (dicionário de língua portuguesa da Infopédia). Por extensão semântica, tornou-se termo da área da biologia, usado no sentido de «invulnerabilidade natural ou adquirida dos organismos vivos aos efeitos de determinados agentes patogénicos ou substâncias estranhas» (ibidem). Quanto à expressão imunidade de grupo, consulte-se a rubrica aqui referida. Na imagem, um quadro de Francis Smith (Lisboa, 1881-Paris, 1961).
2. O que é correto: «convidar a escrever um livro», ou «convidar para escrever um livro»? A resposta encontra-se no Consultório, onde se disponibilizam mais sete respostas às seguintes perguntas: quando se faz maionese e ela talha, diz-se que deslassou ou deslaçou? Como se classifica a oração «sem se ver»? Na frase «começa cedo a criaturinha» falta uma vírgula ou não? Como usar sem errar a expressão «após o que»? No Brasil, azarar só significa «dar azar»? A palavra heládico tem algum sinónimo? E o que quererá dizer o provérbio «se não fora o Pindo e a Panadeira, todas as velhas iam à Ribeira»?
3. Sobre o Serviço Nacional de Saúde português e o seu funcionamento com um novo estatuto, a comunicação social referiu-se algumas vezes à figura que o vai gerir, Fernando Araújo, como sendo o novo CEO, sigla da expressão inglesa chief executive officer. A respeito deste anglicismo repetido e escusado, leia-se o comentário de José Mário Costa no Pelourinho.
4. O português de Angola suscita cada vez mais interesse entre linguistas e especialistas em planeamento linguístico. Na Montra de Livros, apresenta-se Da Fonologia à Lexicografia. Elementos para uma Gramática do Português de Angola, uma obra publicada pelas edições Húmus, com a coordenação do professor universitário Paulo Osório, que reúne um conjunto de estudos como primeiro passo para a construção de uma gramática para a variante angolana do português.
5. Quanto aos temas de três dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:
♦ o curso de formação de professores de Português dos países africanos de língua oficial portuguesa e de Timor-Leste que a Universidade Federal da Bahia (UFB) está a levar a cabo, com o apoio do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), em Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 16/09/2022,13h20*);
♦ o curso de Português Pluricêntrico, também organizado pela UFB e patrocinado pelo IILP, em associação com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Observatório de Português Língua Estrangeira/Segunda Língua, em Páginas de Português, na Antena 2 (domingo, 18/09/2022, 12h30*), programa que conta ainda com a participação da professora Carla Marques, com uma crónica sobre a palavra exéquias, em alusão às cerimónias fúnebres de Isabel II;
♦ e, em Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2 de segunda a sexta (às 09h50* e às 18h50*), Maria Regina Rocha explica o que é uma metáfora e fala da sua importância na política, no discurso amoroso, na literatura e na linguagem corrente.
* Hora oficial de Portugal continental.