Trata-se de uma expressão com valor temporal, que desempenha a função de localizar a situação descrita num intervalo de tempo posterior ao da situação descrita na oração anterior, sendo equivalente a depois. Assim, a ordem temporal das situações será a seguinte: 1.º «Entregou o carro ao dono»; 2.º «Seguiu o seu caminho».
Na construção «após o que» identificamos a preposição após que introduz uma oração relativa iniciada pela locução relativa «o que»1, composta pelo artigo definido o, seguido do pronome relativo que. Refira-se, todavia, que esta proposta não é consensual entre os gramáticos, existindo quem, numa linha mais tradicional, prefira classificar o como pronome indefinido, seguido de pronome relativo2.
A locução «o que» tem a capacidade de retomar todo o antecedente de natureza oracional. Deste modo, a frase apresentada pelo consulente pode ser parafraseada pela que se apresenta em (1):
(1) «Fulano entregou o carro ao dono e, após esta situação, seguiu seu caminho.»
Uma nota final para referir que a segunda vírgula presente na frase apresentada pelo consulente pode ser eliminada, uma vez que separa expressão em análise da oração que encabeça:
(2) «Fulano entregou o carro ao dono, após o que seguiu seu caminho.»
Disponha sempre!
1. Cf. Veloso in Paiva Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2085 – 2089.
2. Cf., por exemplo, Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. Sá da Costa, pp. 598-599.