1. A criatividade linguística pode levar os falantes a dificuldades de interpretação, que têm tendência a agravar-se se os falantes são estrangeiros. É o que se verifica na questão sobre o significado da expressão «emagrecer abaixo do tutano» (de Mia Couto) ou sobre a correção de «boca do metro». São estas duas das quatro novas respostas disponíveis na atualização do Consultório, onde se regista ainda uma dúvida sobre a função sintática de pública em «opinião pública» e uma outra sobre a colocação do pronome com o advérbio já.
(Primeira imagem: Retirantes, de Candido Portinari, 1944)
2. O ciclo da vida está presente na língua, que não é alheia às suas diferentes fases. Veja-se o caso da morte, que oferece terreno fértil para a criatividade lexical, dando origem a inúmeras expressões tanto disfémicas, como «abotoar o sobretudo de madeira», como polvilhadas de algum humor (negro), como «foi estudar botânica por baixo», ou eufemísticas, como «abandonar esta vida». Uma viagem pelas formas de dizer morte, proposta pelo sociólogos e escritor João Pedro George, numa crónica publicada originalmente na revista Sábado que transcrevemos, com a devida vénia, na rubrica O Nosso Idioma.
O vocábulo morte tem desencadeado algumas dúvidas que aqui recordamos: «morrer de morte», «morrer de/por/com» e «morrer no presente do indicativo?» E ainda, no Pelourinho: «Arrisca-se a vida... não a morte».
3. O ciclo da natureza, assinalado no Dia da Meteorologia, deu azo a um artigo da jornalista Marta Leite Ferreira, publicado no diário digital Observador, abordando os provérbios populares relacionados com o tempo. Como os avaliam, a seis dos mais conhecidos, os especialistas, desde enólogos a climatologistas? Será verdade que em «Tarde vermelha e manhã cinzenta, não esperes chuva nem tormenta» ou que «De Espanha, nem bons ventos nem bons casamentos»?
O provérbios relacionados com o tempo têm passado pelo Ciberdúvidas em diversas ocasiões. Por exemplo: «Provérbios do mês de outubro», «Sol e chuva, casamento de viúva» e «Outono, ou seca as fontes, ou salta as pontes».
4. Um registo final para a comemoração dos 150 anos de Calouste Gulbenkian – o filantropo arménio que tanto marcou Portugal, criando, por testamento, a Fundação Calouste Gulbenkian, que mantém até hoje uma importante atividade no domínio da cultura, da ciência, do ensino e da beneficência no país. Uma efeméride assinalada em «Calouste: uma vida, não uma exposição».
A este propósito, recorde-se que a pronúncia correta é /Gulbenkiã/ e não "Gulbênkian" (ver aqui)