Este provérbio faz parte de um conjunto que se refere a fenómenos meteorológicos, normalmente em estreita ligação com as actividades do mundo rural. Ao que parece, trata-se de comentários que decorrem de certas concepções mitológicas ou mágicas sobre o tempo atmosférico e o ciclo das estações.
O provérbio em causa vem referido, sem explicitação do seu significado, no Dicionário de Provérbios: Francês-Português-Inglês de Roberto Cortes de Lacerda et al. (Lisboa, Contexto, 2000, pág. 102), que o junta aos seguintes:
«Chuva e sol, casamento de espanhol.»
«Chuva e sol, casamento de raposa.»
«Quando chove e faz sol, casam-se as feiticeiras.»
«Quando chove e faz sol, estão as bruxas em Antanhol, embrulhadas num lençol a dançar o caracol.»
Como se vê, este conjunto de provérbios sugere que a coincidência de chuva e sol é encarada como um paradoxo, situação que exige um comentário também ele paradoxal, se não mesmo surrealista, indo ao encontro de certa mitologia.
Lacerda et al. apresentam estes provérbios como equivalentes ao francês «(C´est) le Diable (qui) bat sa femme (et marie sa fille)» [«(É) o Diabo (que) bate na mulher (e casa a filha)»]. No intuito de revelar o sentido deste dito francês, citam A. Rey e S. Cantreau, Dictionnaire des expressions et locutions, Paris, Le Robert, 1993):
«Segundo Gottschalk, tratar-se-ia da adaptação cristã de uma lenda relatada por Plutarco, na qual Júpiter, deus do fogo, discutia com Juno, deusa da humidade» (tradução do seguinte texto em francês: "Selon Gottschalk, il s´agirait de l´adaptation chrétienne d´une légende rapportée par Plutarque, où Jupiter, dieu du feu, se querellait avec Junon, désse de l´humide»).