1. A atualidade é marcada pelos sismos que têm afetado alguns países – os mais recentes, no Japão e na Nova Zelândia. E, tratando-se de ilhas e de zonas costeiras, são notícia os alarmes de tsunami – ou será maremoto? Sobre este tema recorrente, sugerimos a leitura das seguintes respostas: "Tsunami, tsunâmi, sunâmi", "Vaga de maremoto", "A pronúncia de maremoto", "A formação de pontapé e maremoto".
2. Na rubrica Controvérsias, um consulente contesta duas respostas – aqui e aqui – que definem epistemologia como «filosofia das ciências». É verdade que o termo é hoje sobretudo equivalente a «teoria do conhecimento», de acordo, aliás, com a definição dominante no discurso filosófico anglo-saxónico. Contudo, vale a pena lembrar que outros contextos culturais definem o termo diferentemente, como é o caso das correntes que veiculam as suas ideias na língua francesa: neste âmbito, epistemologia pode significar «filosofia das ciências». É no que assentou, afinal, o que se esclareceu nessas duas respostas, com a devida abonação dicionarística. Razão, por isso, para se manterem em linha, ficando ambas com a devida remissão para a perspetiva divergente – e no espaço dedicado no Ciberdúvidas precisamente ao debate e à polémica dos temas relacionados com a língua portuguesa, com pontos de vista distintos.
3. No consultório, as dúvidas deste dia dizem respeito ao uso frásico do verbo constar, à análise morfológica do substantivo vivenda e ao feminino de notário.
4. Em O Nosso Idioma, disponibilizam-se dois novos textos. O primeiro – um apontamento do jornalista Luís M. Alves, que se transcreve com a devida vénia da Revista do semanário "Expresso" de 12/11/2016 – glosa os diversos significados da palavra normal: «A palavra normal pode ser usada de forma diferente. Umas vezes dizemos que é uma coisa normal simplesmente para dizermos que é comum, que costuma acontecer em certo tipo de situações. Outras vezes, para afirmar que é mesmo assim que que deve ser; isto é, num sentido normativo ( "O Normal é os juízes não darem entrevistas"). (...)». E, no segundo texto, publicado no mesmo dia no semanário "Sol", o seu autor, o jornalista José António Saraiva, desenvolve algumas reflexões sobre a evolução histórica e sociológica do uso do palavrão e do calão, fazendo uma generalização final que não foge à polémica: «[...] a democratização teve como consequência o abaixamento do nível da linguagem. A democracia degenerou em mediocracia. Basta sintonizarmos a TV num desses programas tipo Casa dos Segredos para percebermos até que ponto isso é verdade.»
5. Uma última referência para o lançamento, em Lisboa, na terça-feira, 15/11, do Atlas da Língua Portuguesa, obra já aqui referenciada, da autoria dos professores do ISCTE Luís Antero Reto, Fernando Luís Machado e José Paulo Esperança. Mais pormenores no trabalho Em 2100, a maioria dos falantes de português será africana*, do jornalista Luís Miguel Queirós (in "Público" deste mesmo dia), que fica disponível também na rubrica Notícias.
* Integrado no mesmo trabalho, veja-se ainda: Paulo Coelho e Saramago são os mais traduzidos.
6. Em Portugal, comemora-se em 15 de novembro o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa (LGP). A data fica assinalada pela mensagem da secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, que reiterou a intenção de o governo tudo fazer junto das pessoas surdas para promover e tornar acessível a LGP, que, recorde-se, há 19 anos passou a ser reconhecida pela Constituição da República Portuguesa, como a segunda língua oficial do país (sendo a terceira o mirandês).Também a Presidência da República se juntou à comemoração, passando o seu sítio eletrónico a disponibilizar alguns dos mais importantes discursos presidenciais em língua gestual (fonte: jornal Público de 15/11/2016).