1. Em Portugal, o período de campanha eleitoral teve início a 25 de fevereiro. É tempo de desenvolvimento de estratégias políticas e estas passam também por questões de natureza linguística. Uma delas está relacionada com o uso de chavões. Neste contexto, importa distinguir chavão, de bordão e de jargão. Este último termo pode ser usado com um valor equivalente ao da palavra gíria e aplica-se à linguagem usada por um determinado grupo social ou profissional, que, por vezes, se socorre de termos técnicos ou de expressões que estão codificadas e que, por isso, não são compreendidas por quem não pertence ao grupo. O bordão, por sua vez, é uma palavra ou locução que se vulgarizou, tendo perdido o seu sentido original. Usa-se no discurso de forma automática, como apoio em situações de hesitação ou de reformulação do texto, como acontece com as construções «Estás a ver?» ou «Portanto». Por fim, o chavão corresponde a uma frase feita ou a um lugar-comum, que apresenta ideias já desgastadas, de conteúdo banal ou trivial. Também há quem refira o chavão como sendo um clichê. Na atual campanha política, vamos encontrando chavões que são usados para descrever medidas a implementar, para servir de ataque ao adversário, para ilustrar opções partidárias ou para caracterizar uma realidade pós-eleitoral: «linhas vermelhas», «aventura fiscal», «bala de prata», «fazer parte da solução», «voto útil», «campanha em bolha» ou «valorização salarial». Refira-se ainda que os chavões são muito úteis nas formas de comunicação com o eleitorado, nomeadamente no contexto das redes sociais, porque as afirmações curtas e muitas vezes repetidas chegam a mais eleitores e correm mesmo o risco de viralizar, o que pode auxiliar a construção da notoriedade de um partido político. A propósito das «questões linguísticas nos programas eleitorais», partilhamos, com a devida vénia, o artigo de autoria da professora universitária e linguista Margarita Correia, que regressa à análise dos programas eleitorais dos diferentes partidos para desta feita passar em revista as propostas relacionadas com o ensino das línguas e com a sua promoção em diferentes contextos.
Recordamos textos publicados no Ciberdúvidas relacionados com as palavras em destaque: «Jargão», «A definição de gíria e de calão», «Calão/jargão», «Tipo, não uses bengalas, tás a ver».
Primeira imagem: ilustração divulgada no Blog da Boitempo
2. Os processos sintáticos de realce de constituintes numa frase são diversificados. Entre eles, encontramos as construções clivadas, estruturas cuja natureza particular exige uma observação mais fina no plano sintático. Neste âmbito, analisa-se numa das respostas integrantes do Consultório a frase «Não é porque o carro à nossa frente passou no amarelo que devemos arriscar transitar num vermelho». Na atualização de hoje, podem ainda ler-se as seguintes perguntas e respostas: «Oração substantiva completiva de nome», «Levar (alguém) a + orações infinitivas», «Propor e propor-se a», «Valores da conjunção mas», «Futuro imperfeito do indicativo», «Pronome clíticos e «passar a» + infinitivo», «Foliação e "foliatação"» e ««Comparecer à reunião» e «apresentar-se num local»».
3. Pronúncia e pronuncia são duas palavras parónimas que pertencem a diferentes classes de palavras e cuja prolação é distinta, o que é assinalado pelo uso do acento agudo, tal como explica a consultora do Ciberdúvidas Inês Gama no seu apontamento divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2.
4. A prótese do a em formas verbais é um processo fonológico muito presente na evolução do português, continuando a ser observável em sincronia. Há, todavia, entre os falantes a ideia de que as formas verbais protéticas denunciam a presença de um falante menos culto. O professor universitário brasileiro Rafael Rigolon analisa esta situação, considerando no seu apontamento o caso do dialeto sertanejo, num artigo de âmbito fonológico e de linguística histórica.
5. O Conselho Nacional de Educação português divulgou o relatório sobre o Estado da Educação 2022. Aqui apontam-se cinco domínios que deverão ser centrais nas políticas de educação no país:
- A existência do 2.º ciclo do ensino básico.
- A inteligência artificial e as suas relações com as múltiplas dimensões do sistema educativo e formativo.
- O imperativo do desenvolvimento do ensino artístico especializado.
- O ensino profissional e a sua relevância para o desenvolvimento de novas e inovadoras ideias fundadoras da educação secundária.
- As novas demografias e a necessidade de as integrar plenamente na conceção de um sistema aberto, livre, inclusivo e socialmente responsável.
Cf. Conselho Nacional de Educação defende fim do 2.º ciclo do básico + Conselho Nacional de Educação considera necessário ensinar alunos de outras formas