1. Vejamos a seguinte frase:
«Pedro anda.» E esta:
«Pedro, anda.»
Uma vírgula mudou tudo. Na primeira frase (sem vírgula), Pedro anda, Pedro caminha, Pedro move-se. Na segunda (com vírgula), Pedro recebe uma ordem. Alguém manda-o andar.
Na linguagem oral, a segunda frase tem uma pausa e a primeira, não. Dizemos:
«Pedro anda» (primeiro caso) e «Pedro... anda» (segundo).
Este é um dos motivos por que se não pode pôr vírgula entre o sujeito e o predicado. Exceptuam-se apenas as situações em que o sujeito é o vocativo (e recebe uma ordem, um apelo). Em tais casos, a vírgula é muito conveniente. A sua ausência pode tornar confusas frases como: «Explode coração»; «Parabéns Saramago»; «Morre Suharto», etc., que se tornam mais claras com a vírgula: «Explode, coração»; «Parabéns, Saramago»; «Morre, Suharto».
2. Na primeira oração, em que se indica que «Pedro anda», pode haver necessidade de vírgulas - se intercalarmos complementos, apostos ou, mesmo, outras orações. Assim:
«Pedro, embora esteja doente, anda.»
«Pedro, filho de João, anda.»
«Pedro, que tem sapatos de sola reforçada, anda.»
Não se pode, contudo, pôr só uma vírgula: «Pedro, filho de João anda» ou «Pedro que tem sapatos de sola reforçada, anda» A clareza exige simetria na colocação das vírgulas que demarcam certos elementos da oração.
Em caso de dúvida, todavia, tal como acontece com os acentos, antes a menos do que a mais. A pontuação é como o sal: q.b.