DÚVIDAS

A pronúncia do latim (em escolas e universidades e no âmbito eclesiástico)

Em Portugal, há uma pronúncia standard do latim, comum nas escolas e universidades e no âmbito eclesiástico?

E, se houver, é uma pronúncia muito "aportuguesada", ou corresponde à pronúncia 'tradicional' do latim, ou àquela "restaurada" (é dizer, "clássica")?

A pronúncia tradicional é caracterizada pelas seguintes correspondências grafemas-fonemas?

a: /a/ (sempre, sem fechar quando estar átono);

ae: /E/ (aberto);

b: /b/ (sempre, sem lenir quando estar posvocálico);

c + a, o, u ou consoante: /k/;

c + i, e, oe, ae: /s/ ???

cci: /ksi/;

cce: /kse/;

ch: /k/;

d: /d/ (sempre, sem lenir quando estar posvocálico);

e: /e/ (sem fechar quando estar átono) ou /E/ (aberto);

f: /f/;

g + a, o , u ou consoante: /g/ (sempre, sem lenir quando estar posvocálico);

g + i, e, oe, ae: /Z/ (som inicial da palavra "giro");

gn: /N/ (como na palavra "minha")?

gu + e, i: /gw/;

h: muda;

i: /i/ ou /j/;

j: /j/ (como o 'i' da palavra 'maio')?

k: /k/;

l: /l/;

m: /m/;

n: /n/;

o: /o/ (sem fechar quando estar átono) ou /O/ (aberto);

oe: /E/ (aberto);

p: /p/;

ph: /f/;

qu + e, i: /kw/;

r: /r/ (nunca /R/ como em 'rato')?

rh: /r/ (nunca /R/ como em 'rato')?

s: /s/ (sempre, sem sonorizar até /z/ quando estar posvocálico)?

t: /t/;

th: /t/;

ti + vogal: /sj/;

u: /u/ ou /w/;

v: /v/;

x: /ks/ (sempre);

y: /i/;

z: /z/ (ésse sonoro, como em 'casa')?

Resposta

A pronúncia tradicional portuguesa é caracterizada pelas seguintes correspondências grafemas-fonemas:

a: /a/ (fechar quando está átono, [ɐ], como em cama);

ae: /E/ (aberto);

b: /b/ (sempre);

c + a, o, u ou consoante: /k/;

c + i, e, oe, ae: /s/;

cci: /ksi/;

cce: /kse/;

ch: /k/;

d: /d/ (sempre);

e: /e/ (sem fechar quando átono) ou /E/ (aberto);

f: /f/;

g + a, o, u ou consoante: /g/ (sempre);

g + i, e, oe, ae: /Ʒ/ (som inicial da palavra giro);

gn: igual, mas com o valor de nh no latim da Igreja)

gu + e, i: /gw/;

h: muda;

i: /i/ ou /Ʒ/, como em iam (> );

j: /j/ (como [Ʒ], por exemplo, Japão);

k: /k/;

l: /l/;

m: /m/;

n: /n/;

o: /o/ (sem fechar quando átono) ou /O/ (aberto);

oe: /E/ (aberto);

p: /p/;

ph: /f/;

qu + e, i: /kw/;

r e rh: /r/ ou /R/ como em rato, quando inicial ou dobrado

s: /s/ (/z/ quando posvocálico, [ʃ] antes de consoante surda, [Ʒ] antes de consoante sonora;

t: /t/;

th: /t/;

ti (+ vogal): /sj/;

u: /u/ ou /w/;

v: /v/;

x: /ks/ (sempre);

y: /i/;

z: /z/ (esse sonoro, como em casa)

A pronúncia tradicional portuguesa mudou para a eclesiástica, italianizada, em 1938. Nas universidades segue-se (ou seguia-se) a restaurada ou clássica.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa