A argumentação de Ricardo Cruz parece ser corroborada pela edição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que possuo (Círculo de Leitores, 2007). Nela se atesta que judaico é adjectivo («relativo ou pertencente aos judeus ou ao judaísmo») e que judia é apenas substantivo («mulher de origem judaica»). De acordo com o mesmo dicionário, a origem etimológica de judaico é precisamente a que Ricardo Costa refere, enquanto judia virá do latim judaea, ae, que significava «mulher judia».
Contudo, é curioso, e é de salientar, que judeu esteja atestado nesse dicionário como adjectivo e substantivo e que judia, que é o seu equivalente feminino, apenas surja como substantivo.
Outros dicionários parecem ser mais coerentes neste aspecto. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, a primeira acepção de judia é a de adjectivo e o seu significado é este: «da Judeia». Outros dicionários, como o da Texto Editora (www.priberam.pt) e o da Academia das Ciências de Lisboa, atestam igualmente que o termo judia pode ser usado como adjectivo ou substantivo e que corresponde ao feminino de judeu. Ora, isto implica que judia pode perfeitamente ser empregado, como referiu o consulente, como sinónimo de judaica.
Assim sendo, a crítica que se faz a Mário Crespo, por ter feito (erradamente) «uma analogia entre o substantivo gentílico e o adjectivo correspondente» parece-me despropositada.
Cf.: Sobrenomes Judaicos (Sefarditas) em Portugal e no Brasil