OBJETIVO
Nestes tempos do abastardamento do ensino (e o que se sabe do clamoroso índice de reprovações na disciplina do Português no ensino básico e secundário) e do nivelamento tão por baixo de como se escreve e fala nos diversos órgãos de comunicação social (e, em particular, no audiovisual), cabe ao serviço público de televisão estimular o bom uso – e o culto – da Língua Portuguesa. Que não passa, só, pelo apontar dos erros, disparates e barbarismos mais vulgarizados, e respetiva correção. Implica, também, simultaneamente, o registo e a valorização dos melhores exemplos que a enriquecem dia a dia, a começar na diversidade dos seus tão distintos falares, em Portugal como nos demais sete países lusófonos.
PÚBLICO-ALVO
Pelo tema em si e os propósitos decorrentes de um serviço público por excelência, é um programa que se destina, e interessará, a todo e qualquer lusofalante, independentemente do nível de escolaridade, classe social ou nacionalidade. Para passar em todos os canais do serviço público de televisão, incluindo os canais internacionais da RTP.
DURAÇÃO
Até 15 minutos.
ESTRUTURA
É um espaço didático e ao mesmo tempo informativo e lúdico, divertido e com algum humor q.b.. Com um tema por emissão (dividido em módulos), mas com a flexibilidade de tratar um só assunto, sempre que a importância, as necessidades de abordagem ou a atualidade assim o aconselharem. Apresentado pelo ator Diogo Infante e com a locução da jornalista Maria Flor Pedroso, cada programa tem sempre um convidado (atores ou especialistas no tema abordado), combinando cenas ficcionadas, com imagens de atualidade e outras de arquivo ou filmes, grafismo, animação, diagramas, vídeo e efeitos sonoros apropriados. A montagem acentua a vivacidade de uma língua tão variada como a nossa.
FORMATAÇÃO
Com um fio condutor entre os vários módulos temáticos, e jogando o mais possível com a atualidade (uma palavra/erro na moda, algo que ver como mês, o tempo, a política e não só, etc.), o programa articula-se em rubricas. Por exemplo:
1. Palavras com história.
Sobre a história e influências da Língua Portuguesa (dos primórdios da romanização aos tempos actuais, palavras portuguesas por esse mundo fora, sempre a partir de um exemplo concreto: vocabulário de origem latina, árabe, francesismos, brasileirismos, africanismos, etc.). Mas também sobre a origem e curiosidades à volta de palavras (amigos de Peniche, a casa da mãe Joana, a cavalo dado não se olha o dente, de cabo de esquadra, deitar carga ao mar, ficar a ver navios, não ter os alqueires bem medidos, mais as vozes que as nozes, para inglês ver, pintar a manta, terra de ninguém; etc. ), expressões idiomáticas (fila indiana, etc.), frases feitas, ditos populares, provérbios, topónimos, nomes de pessoas; modismos; corruptelas (mais ou menos divertidas como chamar “pinochet” a um “panaché“, ou porque se chama ”garoto” a um café misturado com leite, ou “penalti” a um copo de vinho, o cimbalino no Porto…); palavras ontem com um sentido e hoje com outro (marechal, tratante, vilão, etc., etc.) antónimos, sinónimos, parónimos; etc., etc.
2. Como Diz?
Erros, barbarismos, disparates – ortográficos, semânticos, frásicos, de pronúncia, etc. –, populismos; estrangeirismos mal empregados, pleonasmos, redundâncias, vícios de linguagem. Tudo a partir de registos sonoros verdadeiros (rádio, TV), dos jornais, de “outdoors, da publicidade, dos blogues da Internet, etc., etc., etc.) Uma sub-rubrica, “Português Maltratado”, tem a participação dos telespectadores, que enviam ao programa imagens de atropelos à língua, por esse país fora.
[“Acessibilidades”, A maioria dos portugueses faz/fazem..., Al-Qaeda, “Alquêva”, Carachi; Bagão Félix, Koeman, Peseiro, "Diêgo" (e outras escorregadelas da fonética); dezenas de "milhar", dia "solarengo"; inimigo “fidagal”; tragédia “humanitária; "eu parece-me"; etc., etc., etc.).]
3. Em português nos (des)entendemos?
Diferenças do Português de Portugal, do Brasil, de Angola, de Moçambique, etc., tendo em conta os imigrantes lusófonos residentes/a trabalhar em Portugal, mas também por o programa passar esses países da CPLP.
[Por exemplo, sobre a correspondência em Portugal, no Brasil, em Angola ou em Moçambique de um provérbio como de árvore caída todo o mundo faz lenha;, ou denpalavras como magnólia (como no Porto se chama às nêsperas…), bicha; bunda (bumbum, calípia, hotentote, etc); caminhão, camiseta, danceteria/discoteca; bu; suco/sumo; chope, gandarra, maka, maningue, pirangueiro, zagueiro, veado, etc., etc., etc.]
4. Língua Viva
Exemplos de bons neologismos, novas palavras e expressões que não estão dicionarizadas mas foram bem inventadas segundo a feição do português, e por quem; estrangeirismos sem tradução, etc.
[Apagão, buzinão, estultificante, tarudo; blogue/blogosfera; vidrão, prec; deditizar; bancar; etc., etc.]
5. Palavras Mutantes
A evolução semântica de palavras e expressões ao longos dos tempos (casos de “marechal”, “bestial” ou de “sacana”).
6. Sabedoria Popular
Expressões populares, ditos e provérbios (sempre que possível, com as diferenças em Portugal e noutros países de língua portuguesa).
7. Ficha
Com a apresentação do ator Diogo Infante e a locução da jornalista Maria Flor Pedroso, Cuidado com a Língua! tem a autoria de José Mário Costa, responsável do sítio na Internet Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, com a participação da professora Maria Regina Rocha (consultora linguística) e dos guionistas João Lopes Marques (até à sétima série) e Paula Campos. A realização tem a assinatura de Ricardo Freitas, com a produção, grafismo e edição da produtora Até ao Fim do Mundo. A ficha técnica completa da 9.ª série, aqui ao lado.
[Os mais recentes programas das últimas nove séries do Cuidado com a Língua!, emitidas pela RTP, podem ser visionados aqui, aqui e aqui – tendo a 10.ª e última série terminado no dia 13 de novembro de 2019. Vide, ainda, os diversos extratos selecionados na RTP Ensina.]