Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Variedades linguísticas
Rogério Silva Estudante Macau, China 9K

Gostava de saber quantas variedades "oficiais" de português há. Sei que há a de Portugal, a do Brasil e a de África, mas onde se enquadra as de Macau e Timor-Leste? Um livro de gramática da língua portuguesa (edição chinesa) refere que, para além das variedades do português dos três países mencionados em primeiro lugar, há ainda um "português na Ásia". Há efectivamente, uma "variedade asiática"? O mesmo livro refere ainda que o português do Brasil pode ser denominado de "português americano". É correcta essa designação? Ou melhor, é uma designação oficial? Em relação ao português falado em Portugal e nos arquipélagos, este é denominado primeiramente de português europeu, ou português de Portugal? E em relação ao português falado no Brasil? Diz-se "primeiro" português do Brasil, ou português brasileiro? Em relação a estes dois países, qual designação se contrapõe uma a outra? Português europeu – português brasileiro? Português europeu – português do Brasil? Ou Português de Portugal – português brasileiro? Português de Portugal – português do Brasil? No que toca a África, qual ou quais as designações oficiais? Sei que há o "português de África" mas também li algures "variedade africana". E "português africano" também é aceite (oficialmente) ou está errada? Espero que a apresentação das minhas dúvidas não seja demasiada confusa. Obrigado.

Álvaro Lima Estudante Ipiaú, Brasil 9K

Qual a explicação para a não palatalização (ou pelo menos parcial) das consoantes d e t na região Nordeste do Brasil? Ao mudar-me de Pernambuco para o Sudeste da Bahia/Baía, percebi uma mudança sensível na pronúncia do d e do t que são lidas “dji” e “tchi”, assim como no Sudeste do Brasil; deparei-me, assim como vários conterrâneos, ainda por cima, com o preconceito e com a discriminação por não pronunciar as ditas consoantes com palatalização. Qual a explicação linguística para este fenômeno em ambas as regiões? Gostaria, outrossim, de saber se existe alguma regra que defina a pronúncia-padrão das vogais átonas (como, por exemplo, o e com som de i, ou o com som de u).

Daniela Tavares Auxiliar administrativa São Paulo, Brasil 4K

Por favor, eu gostaria de saber o que significa «quem é bacharel não tem medo de bamba», da música Feitiço da Vila, de Noel Rosa.

Muito obrigada.

Álvaro Barros Estudante Ipiaú, Brasil 8K

Agradeço à equipa do Ciberdúvidas pelas respostas dadas anteriormente, e à senhora Ana Carina Prokopyshyn, por ter-me auxiliado na resposta 28 400.

Mas, ainda tendo algumas dúvidas, peço o vosso auxílio. Tendo em vista o que a senhora Ana Carina Prokopyshyn escreveu no trecho — «Estes desvios ou desarticulações são próprios da linguagem corrente, ou seja, são tendências do registro oral, mas devem ser evitados, principalmente na escrita, pois nos dias de hoje existem normas e convenções que devemos seguir» — ocorrem-me algumas questiúnculas.

No trecho «Estes desvios ou desarticulações são próprios da linguagem corrente, ou seja, são tendências do registro oral,» pode ser aplicado ao que se encontra na obra de Camões, Os Lusíadas, uma vez que se encontra formas como «ingrês»?

Em «Mas devem ser evitados, principalmente na escrita», isso levaria a uma inibição de novas formas fonéticas e estagnação na língua? Como ajustar esta conceção com as mudanças constantes que a língua viva sofre?

«Pois nos dias de hoje existem normas e convenções que devemos seguir.»

Por que as mudanças fonéticas ocorridas na passagem do latim para a língua portuguesa são aceitas e as que ocorrem dentro da própria língua não são aceitas, ou mal vistas, dependendo da classe social em que ocorrem? Só se considera uma forma legal e aceita aquela admitida na elite erudita que forma a língua? Mas quando nos recordamos que a língua portuguesa estruturou-se, tendo como base o latim vulgar, não entraria em contradição o pensamento cultivado pela norma culta de uma língua «perfeita»?

Ainda não consigo compreender as discussões e as dimensões das implicações que decorrem de críticas feitas à norma culta do português.

Vemos muitos argumentos em prol de mudanças na norma culta, mas que argumentos podem ser elencados para salvaguardar nosso patrimônio histórico e nossa tradição perpetuados na língua?

Agradecido pela atenção e consideração sempre prestada por todos vós.

Joao Gabriel Molinelli Rivadulha Estudante Corunha, Espanha 5K

Gostaria de saber onde posso encontrar o léxico galego admitido há pouco no léxico português, se for possível uma listagem exaustiva; também gostaria de saber dalgum dicionário escrito na norma nova e que inclua o léxico galego.

Poderiam dar-me uns quantos exemplos?

Muito obrigado.

Nuno Ponte Estudante Lisboa, Portugal 12K

Gostaria de saber o porquê de o mirandês ter sido considerado língua e como se chega a esse patamar; e também se o dialecto açoriano poderia ser considerado língua, e, se não, quais os requisitos que faltariam. É porque sinceramente vejo no mirandês distorções de palavras, aquilo que também encontro no açoriano. Ou seja, como é possível adivinhar, a minha questão final seria: se mirandês é língua, porque não o é também o açoriano, ou até o madeirense (embora não esteja muito por dentro desta última)?

Pedro Bingre do Amaral Professor Coimbra, Portugal 7K

No Norte e no Centro de Portugal encontra-se uma espécie de árvore, de nome científico Quercus pyrenaica, cujos nomes vernáculos portugueses mais usados costumam ser carvalho-negral ou carvalho-pardo-das-beiras; menos habitualmente há quem o chame de carvalha. Na Galiza essa mesma espécie é conhecida pelo vernáculo galego cerqueiro ou cerqueira, palavra decerto etimologicamente derivada do latim Quercus.

Os dicionários portugueses generalistas que compulsei não apresentam a entrada "cerqueiro". Os dicionários corográficos dão-nos mais de uma dúzia de topónimos iguais ou afins em território português: Cerqueiro, Cerqueira, Cerqueiras, Cerqueiral, etc. Os dicionários onomásticos dão-nos a existência do apelido português Cerqueira — aliás, bem difundido.

Perante este panorama, questiono-me se algum dia a palavra cerqueiro terá sido algum dia usada no idioma português para designar o Quercus pyrenaica. Em caso afirmativo, seria legítimo reinstituir o seu uso no português contemporâneo, designadamente em guias botânicos?

Agradeço penhoradamente a vossa ajuda.

Ainhoa García Rocha Estudante Madrid, Espanha 56K

Gostava de aprender a usar o vocativo . Parece-me que os portugueses usam muito.

Mil vezes o meu muito obrigada!

António Magalhães Professor aposentado Oliveira de Azeméis, Portugal 5K

Na minha aldeia há o termo ucheira como significado de grandes pedras de granito, ao alto, suportando lateralmente um portão ou cancela de entrada para uma propriedade. Não encontro este termo nos dicionários. Será que existe? Tratar-se-á de uma corruptela de qualquer outro termo?

Rafael Pombo Estudante Rio de Janeiro, Brasil 9K

Quanto à presença ou ausência dos artigos a e o, as seguintes frases estão corretas?

«Correr a toda a velocidade.»

«Salvá-la a todo custo.»

«Empurrar a toda a força.»

Estaria correto que «Salvá-la a todo custo» se escreve sem o artigo o, pois a frase possui o sentido de «salvá-la a qualquer custo» e não «salvá-la com muito custo»?