Se o termo cerqueiro, tal como em galego (ver cerqueiro no Dicionário E-Estraviz), é usado nalgum dialecto português, como designação da árvore Quercus pyrenaica, parece-me legítimo empregá-lo. Contudo, sucede que não o encontro registado nem em dicionários generalistas nem em dicionários especializados (incluindo os etimológicos), apesar de a toponímia realmente sugerir um uso que terá sido frequente (ver topónimos mencionados pelo consulente no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado). Parece-me, portanto, arriscado usar cerqueiro (Quercus pyrenaica) num guia botânico dirigido ao público português.
Sendo assim, só posso retomar a definição de cerqueiro, no Diccionario da Antiga Linguágem Portugueza, de H. Brunswick (Lisboa, Empresa Lusitana Editora, 1910): «aquelle que cuidava da cêrca do convento».
Relembro que, com o mesmo radical, cerc-, existe cerquinho, «variedade de carvalho (Valpradinhos-Macedo de Cavaleiros [...])», conforme anota Vítor Fernando de Barros, no Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro (Lisboa, Âncora Editora e Edições Colibri, 2006). No Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, a palavra também ocorre com informação etimológica:
«cerquinho [səɾˈkiɲu] s. m. 1 Botânica variedade de carvalho (carvalho-cerqinho) espontânea em Portugal (centro litoral) e que é forma de transição ente o carvalho do Norte e o do Sul; carvalho-português; carvalho-lusitano; 2 madeira deste carvalho. Do latim *cerquīnu, por quercīnu-, "de carvalho".»