DÚVIDAS

O uso de vírgulas ou travessões
Tenho uma dúvida que anda tirando o meu sono. Há alguns dias, prestei uma prova para um concurso, o mesmo trazia a seguinte questão: «Em 2206 foram reportados acidentes em 68 países — e sete áreas não reconhecidas como nações independentes — em todos os continentes.» Dentre algumas afirmações, a resposta correta dizia que os travessões poderiam ser trocados por vírgulas. Minha dúvida é quanto ao uso da vírgula, ou dos travessões, pois acredito que o e colocado após o travessão, possa ser uma conjunção aditiva, sendo, portanto, desnecessário ou irregular a expressão citada acima vir isolada entre vírgulas ou travessões, logo a questão formulada estaria errada. Estou certo ou equivocado? Se for possível responderem-me aguardo resposta e parabéns por este espaço.
Hífen em compostos morfológicos, h interior
Uma das minhas actividades é a revisão de textos e tenho-me deparado com uma dificuldade em particular para a qual não encontrei ainda respostas satisfatórias. Gostaria de saber se existe alguma norma para a grafia de certos termos compostos utilizados nos vários ramos das ciências. Refiro-me, nomeadamente, a exemplos como os seguintes: "sócio-económico" ou "sócio-político", que tenho visto como "socioeconómico" ou "sociopolítico" respectivamente. Mas, se a estes acrescentarmos mais uma palavra, como por vezes acontece, teremos "sócio-político-económico", "sociopolítico-económico", "sociopolíticoeconómico" ou alguma outra variante? É que a eliminação dos hífens e a pura justaposição das palavras torna-se progressivamente mais difícil de ler. Por outro lado, a prática, ao que parece generalizada, de eliminar os hífens traduz-se por vezes em resultados um tanto ou quanto insólitos, como por exemplo "imunohemoterapia" ou, pior ainda, "parathormona". Aliás, a respeito destes dois últimos exemplos, gostaria de saber se os campos da medicina e da farmacologia ou da química, para citar apenas estes, estão isentos, na sua terminologia específica, de terem de se submeter às regras linguísticas. Pergunto isto, por já ter visto termos como "dehidrohepiandrosterona" ou "hidroxietilcelulose" (sem qualquer hífen) ou como o incrível "cloridrato de trans-4-[(2-amino-3,5-dibromobenzil)amino]-ciclohexanol" — com os hífens e os parênteses exactamente como indico aqui. Onde poderei então encontrar indicações fiáveis (?!) relativamente à utilização ou não dos hífens? Obrigado!
A negativa de «Posso comê-lo»
Qual a forma mais adequada/correcta da negativa de «Posso comê-lo»? É «Não posso comê-lo», ou será «Não o posso comer»? Eu "simpatizo" mais com a 1.ª opção, mas tenho uma colega que insiste que só a 2.ª está correcta. Concordo que, na forma negativa, o pronome deva ser anteposto ao verbo (Ex.: «Não o faço»; «não te lembres disso»; «não me molhes»; «não o encontro»). Porém, em caso de complexos verbais, como poder/querer e infinitivo («quero beber o sumo»; «posso ler o livro»), assim como ao substituir o complemento directo pelo pronome, ficando assim «Quero bebê-lo» e «Posso lê-lo», também me parece que na negativa deve ficar «Não posso lê-lo», em vez de «Não o posso ler», e «Não quero bebê-lo», em vez de «Não o quero beber». A anteposição do pronome é correcta e obrigatória em casos em que o núcleo do predicado é um só verbo, como nos primeiros exemplos que apresentei, todavia não considero que o pronome deva estar anteposto quando o núcleo do predicado é composto por mais que um verbo.
O sentido do se apassivante e indeterminado
As mediadoras imobiliárias costumam colocar nos cartazes nos imóveis que têm à venda a palavra "Vende-se". A minha dúvida é se se deve colocar a palavra "Vende-se" ou "Vende". "Vende-se" parece-me que significa que o imóvel se vende a si próprio, o que não é o caso, pois recorre-se a uma mediadora para o vender! Pergunto se utilizar "Vende" seria o correcto: «A Mediadora Tal e Tal vende...» (embora nesta situação também não seja a Mediadora que vende, pois não é a proprietária do imóvel, apenas intermedeia o negócio).
«Temos muito a/que/para aprender com os mais velhos»
Deve dizer-se, rigorosamente: a) «Temos muito a aprender com os mais velhos»; b) «Temos muito que (e não «de», com sentido de obrigação) aprender com os mais velhos»; ou c) «Temos muito para aprender com os mais velhos»? As formas que me parecem mais correctas são a b) e c); no entanto, ouço dizer muitas a vezes como em a). Para outras formas verbais, como, por exemplo, «fazer», é igual? Desde já, muito obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa