DÚVIDAS

Sobre eufemismos
Sou aluna do último ano da Faculdade de Letras de Lisboa (Estudos Germanísticos) e na disciplina de Linguagem e Comunicação surgiram temas para uma apresentaçao de trabalho; num leque de propostas surgiu o tópico de eufemismos. Gostaria de elaborar um trabalho que me pareçe pertencer a esta categoria, no entanto desconheço a designação para os seguintes "fenómenos": 1. "criadas" passa para "empregadas" e depois para “auxiliares de apoio doméstico”.2. "contínuas da escola" para “auxiliares de acção educativa”.3. "operários" passam a ser chamados de “colaboradores”.4. "operador de call-center" passa para "supervisor de telecomunicações".5. "segurança" passa a ser "responsável pela integridade humana"  etc. (existem muitos outros exemplos que não me ocorrem neste momento, mas julgo ter sido explícita com estes exemplos). Ou seja, quando uma determinada expressão, palavra ou designação existente no nosso vocabulário "sofre" uma actualização e mudança de forma a que a mesma palavra receba uma nova conotação mais "embelezada" e pomposa. Aguardo resposta.
Sobre o neologismo "cadeirante"
Criou-se há pouco tempo o vocábulo "cadeirante" aqui no Brasil para substituir, creio, o circunlóquio "usuário de cadeira de rodas" ou talvez seja mais um eufemismo. Aliás, há uma prodigalidade de inventar expressões amaneiradas ou adocicadas neste país: os aleijados foram suplantados pelos "deficientes físicos", os cegos chamam-se "deficientes visuais", os surdos são agora "deficientes auditivos", os doidos foram substituídos pelos "deficientes mentais", os leprosos são "hansenianos", os mongolóides passaram a denominar-se "portadores da síndrome de Down", as crianças retardadas ou atrasadas são "excepcionais ou especiais" (como se as demais crianças não fossem especiais!), os velhos passaram a chamar-se "os da terceira idade ou melhor idade". (Gostaria de entender por que há tanta preocupação com eufemismos. Não é melhor dizer a verdade? Ocorre, porém, que a verdade muitas vezes dói...) Tudo isso são caricaturas lingüísticas de mau gosto. Não me deixo levar por tais leviandades de expressão. Daqui a uns dias os inventores de bizantinices eufemísticas talvez queiram corrigir a Bíblia: cegos, coxos, paralíticos, leprosos, velhos, surdos, lunáticos, doidos, mudos etc. Está errada a Bíblia? Pois bem, no Brasil existe esta mania de quererem mascarar a realidade (não sei se a mesma coisa se dá em Portugal). Quero voltar ao vocábulo "cadeirante". Ora, de amar temos amante, de secar temos secante etc. Existe todavia o verbo "cadeirar" para que se abone o "cadeirante"? Parece-vos bem formado o neologismo "cadeirante", ou não passa de mais um abuso? Desejo conhecer-vos a opinião. Muito grato.  
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa