DÚVIDAS

Porquê Argel/Argélia e não "Alger"/"Algéria"
Esta questão já foi colocada por um consulente em 2001, mas a resposta dada pelo consultor do Ciberdúvidas ["Argélia-Argel"] não esclarece a metátese que se produziu em português e castelhano. A minha pergunta é a seguinte: por que razão terá havido esta metátese de uma palavra de origem árabe iniciada pelo artigo al? Será caso único com palavras portuguesas de origem árabe com o artigo al? Encontrei uma resposta num sítio de língua espanhola que também não me deixou totalmente esclarecido, razão por que peço a vossa opinião. Muito obrigado.P.S. – Em outros sítios, a pergunta é idêntica à minha, mas as respostas fogem ao cerne da questão: Sua Língua e StackExchange.
Os gentílicos de São Pedro do Sul (Viseu)
Quarta-feira, 27/Mar/2019, RTP1, programa Joker. A dada altura surge a pergunta e as quatro hipóteses a considerar: «Ao que é relativo a S. Pedro do Sul chamamos… A- sulense B- sulano C- sulês D- sulino // E a resposta certa é… a B - sulano.» No Grande Dicionário da Língua Portuguesa (Porto Editora) apuro que os vocábulos "sulense” e “sulês” não existem e sulino nos remete para sulista. Quanto a sulano: «adj. 1 relativo ou pertencente a S. Pedro do Sul, no distrito de Viseu, ou que é seu natural ou habitante; 2 designativo de uma raça bovina da região portuguesa de Lafões (Beira Alta) s.m. 1 vento que sopra do sul; 2 natural ou habitante de S. Pedro do Sul (De Sul, topónimo+ano).» O Dicionário de Topónimos e Gentílicos de I. Xavier Fernandes e o Dicionário de Gentílicos e Topónimos do ILTEC, consultado no Portal da Língua Portuguesa, não mencionam o(s) gentílico(s) de S. Pedro do Sul. Encontrei sete obras/sítios que só consideram sulano como gentílico de S. Pedro do Sul, quatro que só consideram são-pedrense (entre os quais o Ciberdúvidas) e só um que considera os dois gentílicos (Infopédia – Porto Editora). Perante isto, recorro à vossa prestimosa ajuda. Posso considerar como gentílicos de S. Pedro do Sul, no distrito de Viseu, os vocábulos são-pedrense e sulano? E já agora, o que me dizem de "sampedrense"? Este vocábulo está profusamente espalhado, pela cidade, como nome de lojas de comércio, assim como nome de colectividades desportivas. Grato pela vossa resposta.   [N. E. – Na pergunta, ocorre a forma colectividade, anterior à norma ortográfica vigente, segundo a qual se deve escrever coletividade.]
Maláui, aportuguesamento de Malawi
No texto do Acordo Ortográfico de 1990, na sua Base I, ponto 2., especifica-se: "[a]s letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais: (...) b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano". No entanto, na mesma Base I, mas no ponto 6. recomenda o Acordo "que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique, etc." Consultando o Vocabulário Toponímico do Vocabulário Ortográfico Comum, que vem aplicar as normas do novo acordo, encontramos nele única e exclusivamente a grafia Maláui. Devemos interpretar que, por altura da preparação do acordo, esta forma (Maláui) não tinha entrado ainda no uso corrente e que é por isso que a mesma surge como exemplo no ponto 2. para um uso legítimo do "w"? Quão autoritária deve ser esta menção a "Malawi" como topónimo não adaptável (mas que na prática já o foi)? E como proceder com as seguintes formas normalizadas pelo VOC: Botsuana, Zimbábue, Burquina Fasso ou Seicheles, ou mesmo com o recente, Essuatíni? Muito obrigado.
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