Atentemos apenas sobre as hipóteses de coordenada explicativa e subordinada adverbial causal:
A distinção entre o que explicativo e o causal levanta sempre algumas dúvidas, pois assenta numa natureza semântica e de interpretação da frase.
1. Com a conjunção explicativa, estabelece-se uma relação de explicação, isto é, a segunda oração explica o acontecimento relatado na primeira:
Ex.: «Não faças isso, que fico aborrecida.»
As conjunções coordenativas explicativas ligam duas orações, a segunda das quais justifica a ideia da primeira. São várias: que, pois, porque, porquanto. Normalmente este porque vem antecedido de verbo no imperativo:
«Compra o casaco, porque está frio.»
«Não comas isso, que (= porque) não presta.»
2. Nas causais, a conjunção estabelece uma relação de causa:
Ex.: Não fui à festa porque estava cansada.
Enquanto a causal, em geral, sugere "estar na origem de", a explicativa propõe "deduz-se de".
Na frase em questão, deduz-se que a pessoa fica melhor, se se sentar. Não encontro uma relação de causalidade entre as duas orações, isto é, vais sentir-te melhor não é a causa de senta-te. O facto de se sentir melhor não é o motivo de se sentar.
Além disso, como orações coordenadas (ou independentes, como alguns gramáticos referem, por exemplo, Bechara, na sua Moderna Gramática Portuguesa), poderiam formar dois períodos, sem prejuízo do sentido: «Senta-te. Vais sentir-te melhor.»
Pode ajudar a decidir se uma dada oração é subordinada causal ou coordenada explicativa ao fazermos o teste de agramaticalidade:
na coordenação, a oração que é introduzida pela conjunção não pode dar início à frase:
«*Que vais sentir-te melhor, senta-te»
«*Pois vais sentir-te melhor, senta-te»
contrariamente ao que acontece com as subordinadas causais, que podem iniciar a frase:
«Porque estava cansada, não fui à festa.»
Quanto a ser subordinada final, a sua definição elimina essa hipótese «Finais: quando iniciam oração que exprime a intenção, o objetivo, a finalidade da declaração expressa na oração principal: para que, a fim de que, que (para que), porque (para que)», Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa.
Ex.: Aproxime-se para que possamos vê-lo melhor.
Fontes: Gramática de Português, Maria Regina Rocha + Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra + Gramática da Língua Portuguesa, Maria Helena Mira Mateus et alii