Tal como se apresenta a frase, sem vírgulas, trata-se do sujeito da forma verbal «dê».
Não se trata de um vocativo, mas, sim, de um sujeito. Nas frases imperativas em que ocorra imperativo o sujeito pode ficar explícito, em posição pós-verbal, com a condição de ser pronominal ou estar realizado por uma forma de tratamento – cf. M.ª Helena Mira Mateus et al. Gramática da Língua Portuguesa, Editorial Caminho, 2003, pp. 457/458); exemplos desta fonte:
1. «Empresta-me tu o livro!»
2. «Arrume o senhor o carro!»
Na frase em questão – «Dê Vossa Reverença lição de esgrima» –, a expressão «Vossa Reverência» é o sujeito da frase. Tudo isto não impede que «Vossa Reverência» ocorra como vocativo, mas, neste caso, é necessário destacar esta expressão por vírgulas:
3. «Vossa Reverência, dê lição de esgrima.»
4. «Dê lição de esgrima, Vossa Reverência.»
Observe-se que a frase em questão é do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, obra que, ao longo das suas numerosas edições, exibe muitas variantes. É o caso de «dê Vossa Reverença lição de esgrima», em que ocorre o arcaísmo reverença, correspondente à forma atual reverência; à mesma sequência tem também sido dada diferente pontuação, com a expressão «Vossa Reverença» a aparecer ora sem vírgulas, ora com elas. Obviamente que a escolha desta ou daquela edição terá repercussão na análise sintática da frase.