Sem outro contexto que altera a interpretação, podemos afirmar que apenas a primeira frase permite a substituição da preposição de pela preposição contraída com o artigo definido da.
Quando incide sobre um nome, o artigo definido associa-lhe um traço semântico [+específico], que contribui para referir a entidade descrita pelo nome como uma entidade individual.
Vejamos a diferença entre (1) e (2):
(1) «Come as bolachas.»
(2) «Come bolachas.»
Em (1), o locutor identifica as bolachas, mostrando, por meio do artigo definido, que locutor e interlocutor reconhecem a realidade referida. Já em (2), a ausência do artigo definido leva a que se interprete o nome bolachas como referindo uma entidade entendida como genérica, não existindo a intenção de particularizar quaisquer bolachas em concreto. Não é mesmo certo que os interlocutores (ou um deles) estejam em presença de bolachas.
Esta especificação de sentidos é passível de ser explorada nas frases (3) e (4):
(3) «Dás-me um bocadinho de bolacha?»
(4) «Dás-me um bocadinho da bolacha?»
Em (4), a especificação do artigo definido (contraído com a preposição de) contribui para referir uma bolacha em particular, enquanto em (3), a referência mantém-se genérica.
Refira-se, porém, que nos usos do quotidiano esta especificação e o contraste entre frases como (3) e (4) podem ser anulados, uma vez que o contexto de comunicação pode ajudar a interpretar o referente bolachas como concreto ou como referente a uma “espécie” de alimento.
Relativamente às restantes frases apresentadas, julgo que o artigo definido não é compatível com nenhuma delas porque os nomes / sintagmas nominais usados (manias, pessoas, «palavras ridículas») apontam não para entidades particulares, mas para uma referência genérica e não específica.
Disponha sempre!