A respeito dos exemplos da consulente, de acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra (manteve-se a ortografia original), «os nomes próprios de pessoas (de baptismo e de família) não levam artigo, principalmente quando se aplicam a personagens muito conhecidos. Assim: Camões, Cícero, Dante, Napoleão».
Os mesmos autores referem que «na linguagem popular e no trato familiar é muito frequente no Brasil e está praticamente generalizada na linguagem corrente em Portugal a anteposição do artigo definido a nomes de baptismo de pessoas […]».
Verifique-se os seguintes exemplos:
«Olavo saiu agora…»
«O Olavo saiu agora.»
No primeiro exemplo, «(em Portugal só possível na linguagem escrita), a pessoa mencionada vem envolta de certa distinção; sentimo-la mais distante. Na segunda, apontamos a pessoa como conhecida dos presentes, como um elemento familiar, caseiro» (cf. Cunha e Cintra, 3.ª edição, p. 227).
O caso do uso do artigo é bastante delicado para falantes da norma europeia da língua portuguesa e, talvez ainda mais, no âmbito da norma brasileira, uma vez que aqui há um número maior de situações em que o artigo pode, ou costuma, ser omitido (sobre variação sociolinguística e dialetológica do uso do artigo definido antes de nomes próprios e possessivos no Brasil, consultar, por exemplo, o estudo de Heitor da Silva Campos Júnior, "A variação do artigo definido no português", Anais do Seta, número 4, 2010, págs. 465-475).