A frase apresentada é um caso de oração copulativa identificadora, oração que tem como traço essencial o facto de «identificar um indivíduo como portador de uma propriedade individual» (cf. Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 703 e ss.). Estas orações caracterizam-se também por terem uma estrutura equativa, ou seja, podem surgir na ordem canónica (sujeito+ verbo+ predicativo do sujeito) ou na ordem inversa (predicativo do sujeito + verbo + sujeito).
A identificação da função sintática desempenhada pelos seus constituintes terá de passar, em primeiro lugar, por identificar se a frase em análise se encontra na ordem canónica ou na ordem inversa. Para procedermos a esta identificação, poderemos recorrer ao teste da clivagem, que permite identificar a frase que se encontra na ordem canónica. Este teste recorre à construção SER…QUE para colocar o foco num constituinte e permite identificar a frase que se encontra na ordem inversa porque esta não permite foco no elemento que está à esquerda do verbo (para mais informações, ver aqui).
A frase apresentada tem uma estrutura complexa que dificulta a análise, devido sobretudo à presença de uma oração substantiva relativa. Por esta razão, procedemos à sua simplificação para tornar mais claros os resultados do teste de clivagem. Assim, consideraremos a frase (1) e aplicamos o teste de clivagem em (2) e (3):
(1) «O partidário da rainha é a pessoa que o nomeou.»
(2) «É o partidário da rainha1 que é a pessoa que o nomeou?»
(3) «?É a pessoa que o nomeou1 que é o partidário da rainha?»
A frase (3) parece resistir ao teste da clivagem, o que indica que a frase na ordem canónica é a frase (1). Neste caso, podemos concluir que o constituinte «O partidário da rainha» será sujeito enquanto «a pessoa que o nomeou» será predicativo do sujeito.
Refira-se também que, nas copulativas identificadoras, o predicativo do sujeito atribui ao sujeito uma propriedade que o caracteriza. Com efeito, neste caso, «a pessoa que o nomeou» atribui uma propriedade que caracteriza a entidade «partidário da rainha», o que favorece a interpretação deste último constituinte como sujeito.
Assim na frase apresentada pela consulente,
(4) «Ironicamente, são os partidários da rainha quem começa por nomeá-lo " Mexias de Lisboa..»
«os partidários da rainha» terá a função de sujeito e o constituinte «quem começa por nomeá-lo “Mexias de Lisboa”» a de predicativo do sujeito.
É importante também reiterar que este tipo de frases copulativas deverá ser estudado num plano universitário, dada a complexidade que o caracteriza e a complexidade de análise que implica.
Disponha(m) sempre!
1. Identificamos a negrito o foco.