Equativo é um adjectivo formado a partir do particípio passado do verbo latino ‘aequo, as, are, avi, atum’. Tal como a partir do particípio passado subordinado se constrói subordinativo, também o particípio passado latino aequtu(m) (seria “equado”, se existisse no português) dá origem a equativo. Note-se que o sufixo -ivo forma adjectivos que equivalem a conceitos linguísticos.
Voltando ao verbo latino ‘aequo’, ele significa «tornar igual, nivelar». Este sentido está de alguma forma subjacente ao conceito veiculado por equativo.
Do que me foi possível perceber a partir da bibliografia consultada (sobretudo do livro de Joaquim Fonseca Estudos de Sintaxe-Semântica e Pragmática do Português, cuja indicação lhe agradeço, pois de outra forma não chegaria lá!), estão subjacentes ao conceito equativo dois aspectos:
A – Por um lado, o conceito está intrinsecamente associado aos verbos de ligação que, sobretudo no caso do verbo ser, podem ser considerados verbos equativos, cuja predicação só fica completa por meio de um nome predicativo do sujeito (NPS). Todavia, nem sempre o NPS corresponde a uma predicação equativa. Para que isso aconteça é necessário que o NPS veicule informação sobre o sujeito. Joaquim Fonseca, na página 35 do livro indicado acima, apresenta o seguinte exemplo de predicação equativa:
(1) O Zé é o chefe de turma.
O NPS «o chefe de turma» transmite informação que acrescenta dados à identificação do sujeito, sendo, por isso, equativo.
B – A outra ideia que está subjacente a equativo, e é esta que, a meu ver, estabelece a ligação com a referência ao latim que fiz no início, é a de simetria, de igualdade entre o elemento sobre que se predica e o predicado, ou seja, os dois elementos podem trocar de posição sem que o sentido do conjunto se altere. Assim, pode dizer-se «O Zé é o chefe de turma» e também pode dizer-se «O chefe de turma é o Zé». Para além desta simetria, Fonseca considera ainda uma outra entre o NPS e o nome predicativo do complemento directo (NPCD). É dele a frase:
(2) A Ana considera o Zé o chefe de turma. (obra citada, p. 36)
Nesta segunda frase vemos que os elementos essenciais da predicação equativa constituem o complemento do verbo considerar, complemento esse que é constituído por um complemento dire(c)to – o Zé – e por um NPCD – o chefe de turma. Na prática, nesta nova construção, que Fonseca considera similar à anterior, representada em (1), prescinde-se do verbo equativo, estabelecendo-se a predicação, ou a ligação por justaposição dos constituintes (entidade predicada: «o Zé»; predicado: «o chefe de turma»).
Em síntese, equativo está associado aos verbos de ligação que pedem um NPS e prevê que esse NPS veicule informação que acrescente dados sobre o sujeito.
O artigo de Fonseca intitulado Predicação do Complemento Directo em Português, publicado na obra aqui citada, nas páginas 33 a 62, aproxima essas estruturas daquelas em que ocorre o NPCD.